-Pode contar.
-Contar o que?
-Sem enrolação, Lizzie. - suspira Oliver.
Estavam sozinhos no caminhão, guiado por um dos guardas em direção a base que atacariam em segundos. Desde a partida, Oliver e Allan não deixavam de perguntar a Lizzie o motivo de tanto mistério. Durante o rápido café da manhã, a garota deixará claro que fizera uma descoberta.
-Andei um pouco pela base nessa madrugada. - sussurra.
-Tem noção do quanto isso é perigoso?!
-Tenho e, é por isso que eu não queria contar, papai. - debocha.
-Ela disse que...
-Não me importa o que ela disse, Castex. Desde quando me preocupo em ouvir uma russa maluca?
-Deixa ela terminar Oliver. - repreende Allan.
Ele suspira, contendo claramente a irritação e acenando com a cabeça para que ela continuasse.
-Acredite ou não, Black Rose não pretende destruir aquelas bombas. Seu objetivo é o mesmo que o nosso.
-Ela está atrás do dispositivo? - questiona Allan, preocupado.
-Sim, encontrei alguns projetos e ela pretende aplica-lo aqui mesmo, na Rússia.
-Contra o próprio pais? - sussurra Matte. -Aquele negócio arrasa uma cidade! Ficariam no escuro por dias!
-Eu sei como ele funciona, Allan.
-Então nossos objetivos também mudaram. Temos que pegar o dispositivo antes deles. - conclui Oliver.
-E levá-lo o mais longe possível. Utilizei um rádio transmissor dela e enviei nossas coordenadas para um amigo. Há um avião pequeno não muito longe dali. -digo.
-Pois bem, preciso que você, Liz, fique atenta a Black Rose e a distraia. Quanto mais tempo ganharmos melhor. E Allan?
-Ham?
-Só tente ficar vivo. Você vem comigo, nos encontramos no avião. Liz? Fuja assim que ouvir o avião! Ficará bem?
-Não vou morrer.
(...)
-Já se acostumou com o frio da Rússia? - indaga.
Assim como lhe fora instruído, ela se prontificou para ser parceira de Black Rose durante a invasão. Usando de sua curiosidade, foi fácil conseguir a companhia da Russa. Ela parecia estar claramente coletando informações através de um diálogo.
-Não é a primeira vez que vem ao país, não é? - questiona obtendo o silêncio como resposta. - Sabe, fiquei surpresa quando soube que o soldado Becker era, na verdade, uma mulher. Não existem muitas no ramo...e poucas aguentam esse ritmo, os americanos não costumam valorizar os talentos femininos.
-Acho que ambas sabemos que você sabia quem eu era muito antes de chegar...
-Você é esperta, garota.
Revira os olhos verdes.
-E está certa. - provoca. -Americanos são burros, não servem para o quesito "esconder informações".
-O mesmo digo, Carnegie Rostöva, Russos também são patéticos nesse quesito. - revida, vendo de relance uma chama passar pelos olhos da russa e ser substituída por um sorriso.
Ela ergue uma sobrancelha, intrigada. Essa mulher tem sérios problemas psicologicos que refletem no seu humor.
Ambas escutam o som do rádio que cincronizava na frequência certa, para somente então um dos homens da russa se manifestar, anunciando suas localizações. Elisabeth torcia para que Oliver já estivesse saindo com o dispositivo.-Tem uma moeda? - indaga Carnegie.
-Pra quê? Somos de países diferentes, e nem temos a mesma moeda!
-Conheço a minha sorte, se ficar te devendo, eu vou sobreviver.
Lizzie suspira.
-Não tenho, Carnegie.
-Não me chame assim!- rosna.
-Esse é o seu nome, não é? -provoca.
Ela bufa, aparentemente zangada, mas com vestígios de um sorriso no canto dos lábios.
-Você é irritante garota. Gosto disso...
Uma explosão as interrompe, a princípio, as vastas folhagens das árvores não lhes permitiam encontrar a origem. Todavia, devido ao alvoroço e a expressão dos soldados que fitavam o céu assustados, Elisabeth soube no mesmo instante que já não o veria mais.
(...)
Sons aguçados, e que aos poucos tornavam-se cada vez mais nítidos provocaram o despertar de Lizzie. Um pano negro lhe cobria o rosto, deixando o ar rarefeito, e impedindo a passagem de luz. Sua cabeça ainda estava um pouco pesada, e a preocupação não tardou em chegar. Já sabiam que ela estava lá, e provavelmente em breve descobririam Allan, ele está em perigo.
Depois de tanto tempo na escuridão o capuz é retirado, a luz feria-lhe os olhos; desviou o olhar, cobrindo o rosto com o cabelo.
Sua essência continuava a mesma, Carnegie ainda mantinha os traços que pertubavam algumas pessoas no seu olhar, e lado, perto da porta, alguns homens guardavam sua segurança.-Confesso que senti saudades. - debocha Lizzie, se acostumando à iluminação.
-O que faz aqui, Becker?!
-Suspeito que você já saiba o motivo, afinal me trouxe até aqui.
-Ah sim, o bilhete! Ótima idéia não acha? Você me descepcionou, esperava que fosse entender mais rápido...
-Vai me dizer por quê me trouxe aqui, ou vou ter que implorar?
-Não nego que isso seria interessante... - pausa, pensativa. - Vir até mim não parece ser o seu modo de agir, penso até que está totalmente desesperada, não é?
-Não diria "desesperada", apenas, " curiosa". Você não? Afinal não fui eu quem enviou o convite.
-Meus motivos são outros...
-Quais?
-Tudo ao seu devido tempo.
-Então me trouxe até aqui por nada?
-Correção, você veio até aqui. - dirige um olhar discreto aos seus homens. - Entrarei em contato.
Obviamente ela não confiava o suficiente nos seus homens para dizer o motivo de tanto mistério, ato que se confirmou com apenas um olhar significativo. O que leva a crer, que esse motivo seja realmente sério.
As cordas são soltas e Elisabeth massageia os pulso na região da linha vermelha que se formara sobre eles, isso deixaria marcas na sua pele.-Da próxima vez que quiser falar comigo, é só pedir.- debocha. - Não pretendo ser tão passiva caso algo assim volte a acontecer, tem sorte de me pegar desprevenida.
-Você já pode ir. Ah, e leve seu amiguinho com você!
Sem mais delongas, ela atravessa a sala até a porta estreita, que assim como a anterior também era de metal.
Foi só então que percebeu que continuava no mesmo corredor escuro e estreito de minutos antes. Não sabia exatamente quantas horas ficara desacordada, mas imaginava que não foram muitas, pois seu organismo já era bem acostumado com esse tipo de drogas.
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Agent Becker
AcciónElisabeth, uma moça independente numa época totalmente machista que luta pelo reconhecimento do seu valor dentro de uma das mais secretas organizações do governo, a OSCU. Afastada da família após fugir aos Estados Unidos em busca da liberdade, aos p...