Capítulo 3 – Ironias do destino
Assim que Aurora colocou o pé num dos degraus para descer da carruagem, foi atacada por uma loira baixinha que gostava de abraçar.
- Você está aqui! Vai ficar por quanto tempo?! Tenho tantas perguntas! Está com fome? Tem um banquete a sua espera! O Felipe veio também!
Estela abraçou Felipe com entusiasmo e tagarelou como sempre.
- Vocês estão juntos, finalmente. Já estava aflita nessas idas e vindas de vocês dois. Agora posso descansar meu coração!
Aurora sorriu, já com saudade da prima.
- Ah, Estela, eu quero conversar com você sobre muitos assuntos. Vou te visitar em breve!
A princesa ficou confusa.
- Mas você mal chegou, já vai partir?
- É você quem irá partir, querida – Solange explicou.
- Eu? Estou sendo expulsa? Mas o que eu fiz?
Todos gargalharam da dedução de Estela.
- Você nunca faz nada de errado, então não se preocupe – Aurora rebateu.
- Campos precisa de uma herdeira para ajudar o regente – Felipe completou.
- É, exatamente, o Vicente precisa de você – Aurora disse, divertindo-se com o duplo sentido.
Os olhos grandes de Estela aumentaram quinze vezes de tamanho. Ela ficou muda e ruborizada. O coração queria saltar pela boca. Quase que desaprende a respirar.
- Antes de ir, quero que esteja comigo nesse momento importante – Aurora pediu. – Vou escrever meu nome na pedra agora.
O trio iria questionar a moça, mas ela saiu andando. Estava tão determinada que não deu brechas para opiniões de ninguém. Entrou no Reino Encantado e virou-se para a avó, que a seguia.
- Qual o procedimento?
Solange preferia que a garota esperasse até o dia seguinte, mas sabia que seria inútil insistir. Suspirou e se deu por vencida.
- Está vendo aquela floresta densa, logo atrás da cachoeira? Vá até lá e peça para o caminho se abrir para que você defina sua essência.
Aurora assentiu. Felipe a beijou na testa e sorriu, apertando sua mão e se afastando. Estava torcendo por ela. Estela colocou a mão no coração, nervosa e disse:
- Vai dar tudo certo.
Aurora fez o percurso, chamando a atenção dos fadens que passavam. Sabiam exatamente o que significava alguém ir para aquela parte da cachoeira: transição. Não a reconheceram, mas seria questão de tempo até perceberem quem era. Ela ignorou os olhares curiosos, que só a deixavam mais nervosa do que já estava. Diante das árvores tão coladas umas às outras e das rochas afiadas, ela pediu:
- Por favor, deixe-me passar para que eu defina minha essência.
As árvores a escutaram, mas não se moveram.
- Eu preciso passar e escrever meu nome na pedra.
Elas se balançaram para os lados, em negativa.
- Por favor, eu quero ser uma fada.
Nada aconteceu, mesmo ela tendo poder sobre as árvores. A garota sentiu que seu pedido era desnecessário à natureza, e isso a deixou desesperada. Não resistiu e olhou ao redor. Ao longe, as pessoas a encaravam e cochichavam. Solange, Felipe e Estela pareciam alarmados. Ela tinha certeza que queria ser uma fada por inteiro, então qual seria o problema? Em pânico, ajoelhou-se, sem conter a lágrima teimosa do olho esquerdo.
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O Conto dos Contos 2 - A Lenda do Era Uma Vez
FantasyAurora já teve que lidar com falsas acusações, esconder-se no Reino dos Humanos, ser humilhada diante de um povo e mortalmente ferida. Tudo o que quer agora é viver em paz ao lado de Felipe, encontrar Eli, e escrever seu nome na pedra para se tornar...