Capítulo 33 - Desenterrando o passado

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Capítulo 33 – Desenterrando o passado

       Edgar estava mais incomodado com o seu orgulho ferido do que com a lesão na cabeça. Ao despertar sob um céu estrelado, mesmo erguendo-se de imediato e procurando com afinco, não encontrou nenhuma pegada que pudesse ajudá-lo a rastrear seu agressor. Não era preciso ser um homem brilhante para culpar James pelo ataque. E se James havia interferido, provavelmente era porque a adaga já estava com o tal Simbad.

      Com cuidado, o braço direito da rainha das trevas voltou ao local onde o Jolly Roger estava atracado, para observar ao longe, e teve uma surpresa horrível ao não mais encontrar o navio.

- Infeliz, miserável, cretino! – ele praguejou.

      O caminho até o castelo da rainha era longo, mas não o suficiente para elaborar uma desculpa aceitável. Malévola certamente o puniria por sua incompetência. E ele faria muito pior quando encontrasse James.

      No palácio das trevas, o cão humano da mais cruel dentre as cruéis não conseguiu se sentar no grande salão, como de costume. Parecia que estar em pé mostraria mais respeito, ou mesmo indicaria que ele assumia total responsabilidade pelo ocorrido.

      Malévola apareceu na entrada do salão numa fumaça de dois segundos. Seu corpo esguiou parecia majestoso no seu costumeiro vestido roxo. O bom humor era evidenciado por meio de um sorriso torto. Ela disse, cheia de pose:

- Seu turno ainda não acabou. Aguardo, assim, por boas notícias, senhor Ston.

      O homem pigarreou, temeroso.

- Não tão boas.

      O bom humor da mais impaciente dentre as impacientes se esvaiu.

- Fale logo! Andou dormindo pelo mato em vez de vigiar? Está com o rosto inchado. Seria o cúmulo, considerando seu cargo anterior!

- Na verdade, James me atacou quando eu estava prestes a descobrir algo estranho a respeito de Simbad.

- Prossiga... Com detalhes.

- O rapaz foi até um animal rastejante, um jacaré, creio eu.

- Onde? Perto do Reino D'água?

- Exatamente. Na ponte que leva ao Reino D'água. James bateu com algo forte na minha cabeça. E eu não estava atacando o filho dele, apenas vigiando, então ele temia que eu visse algo e agisse. Simbad deve ter pego a adaga. Não sei bem como o jacaré entra nessa história, mas desconfio que a adaga estava na água, debaixo da ponte, e o jacaré ia trazer até o pirata.

     Malévola pensou que faria sentido.

- E por que retornou de mãos vazias? Vá atrás de Simbad! Não basta desmaiar por causa de um homem de uma mão só! Ainda tem que ser restrito em ideias?

- Eu fui! Esse é o maior problema.

- O que quer dizer?

- O navio já partiu. Teremos que esperar que o rapaz regresse com a adaga, isso se ele...

- Não a lançar no fundo do mar! Oras, seu idiota! – Malévola desferiu um tapa contra Edgar. – Eu quero James nesse mesmo salão onde estamos até o fim deste dia! Mande os bruxos o caçarem! Mande os gigantes os capturarem! Eu o quero... no mínimo, consciente. Tenho certeza que serei capaz de persuadi-lo a me entregar a arma. Ele que me aguarde!

***

    Estela parecia radiante de tanta felicidade. No desjejum, estava demasiado ansiosa para contar sobre sua aprendizagem com a guarda real. Os fadens eram fascinantes, com suas diferentes histórias de vida, seus familiares e seus sonhos. Ela se esforçou ao máximo para decorar os nomes, sem se esquecer de nenhum. Até fez uma lista, rica em detalhes.

O Conto dos Contos 2 - A Lenda do Era Uma VezOnde histórias criam vida. Descubra agora