CAPÍTULO 34 – Enfim casados
A lua completou suas quatro fases mais rápido do que Felipe pudera imaginar. Após um mês, o príncipe sentia-se mais satisfeito com seu oficio de lenhador, e muito mais íntimo do machado. Não esperava ser o melhor na competição, mas tinha a certeza de que teria um bom desempenho. O conversador bocejou e encarou a janela de seu casebre, feliz pelo final de semana ter chegado.
Felipe sentiu a esposa tocar em seu ombro com carinho, e se aproximar de seu ouvido para perguntar:
- Está ansioso para amanhã?
- Bem, estou é preocupado com a possibilidade de dormir pouco. Espero que o casamento do meu irmão seja uma cerimônia rápida. Tinha que ser justo na véspera da competição?
- Seria pior se as datas coincidissem.
- Na verdade, seria melhor. Eu teria uma boa desculpa para não participar.
As batidas na porta chamaram a atenção do casal, que se entreolhou.
- Aurora... Quem você chamou aqui?
- Como assim quem eu chamei? As últimas visitas foram suas!
- E foi você quem os convidou.
- Eu não convidei ninguém hoje, mas para passar pela cerca, tem que ser uma visita boa.
Aurora tomou a frente e seguiu em direção a porta, curiosa para saber quem estava, em plena manhã de sábado, na varanda de sua casa.
Ao se deparar com Solange e Eli, Aurora sorriu.
- Vocês chegaram cedo! Pensei que iriam nos buscar na hora da ceia. É para trazer nossas vestes?
Solange exibiu um olhar culpado e encarou Eli. O braço direito da rainha cumprimentou Aurora e adentrou no local, estendendo a mão para Felipe. A rainha pigarreou e imitou os gestos educados do fadem.
- Uhm, aceitam uma água, ou um chá, talvez? – Felipe perguntou, desconcertado.
Antes que Eli pudesse se manifestar, Solange recusou a oferta:
- Ah, eu serei breve, só preciso conversar, em particular, com a Aurora por alguns minutos.
Felipe e Aurora encararam um ao outro. Eli evitou contato visual, ciente do conteúdo da conversa.
- Aconteceu alguma coisa? – A guardiã logo quis saber.
- Bem, não – Solange disse. - É a respeito do seu reconhecimento quanto à coroa de Branca. Gostaria de explicar os detalhes.
Aurora não achou que o assunto carecesse de sigilo perante seu marido, mas não quis questionar a avó. Apenas pediu licença e conduziu a rainha para fora da casa. Ambas, de braços dados, caminharam até o balanço que Felipe havia construído. A moça se sentou e encarou a rainha.
- Pode me contar o que de fato está acontecendo? Ele não vai ouvir daqui.
Solange encarou o chão e depois mirou a neta.
- Aurora, eu sempre te pedi favores árduos. Hoje, irei requerer algo que irá demandar muita paciência do seu marido.
- Do Felipe?
- Sim. Sabe que a questão da sucessão ao trono dos humanos é delicada. Você ainda é rainha, embora tenha sido deposta.
- Meu marido não se importa que eu reconheça a legitimidade de Branca. Não estou entendendo a senhora.
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O Conto dos Contos 2 - A Lenda do Era Uma Vez
FantasíaAurora já teve que lidar com falsas acusações, esconder-se no Reino dos Humanos, ser humilhada diante de um povo e mortalmente ferida. Tudo o que quer agora é viver em paz ao lado de Felipe, encontrar Eli, e escrever seu nome na pedra para se tornar...