Capítulo 24 - O dever nos chama

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Dedicado a Dennis e Davi, do grupo do zap! 

Capítulo 24 - O dever nos chama

           Enquanto Aurora e Felipe se despediam de Cindia e Teodoro, Vicente procurou a rainha Solange e a encarou, esperando que ela o notasse. Quando conseguiu chamar a atenção dela, se aproximou.

- Majestade, é um prazer revê-la. Sei que a data é inoportuna, mas preciso falar em particular contigo antes de regressar a Campos.

          Solange não negaria uma conversa privada a Vicente Pinoc, só não poderia fazê-lo naquele local.

- Pois bem, venha ao meu palácio assim que os noivos partirem.

         Vicente fez uma expressão de descontentamento que Solange não teve como não notar. O desconforto dele por estar naquele reino era visível.

- Meu caro, não precisa temer. Aos olhos dos fadens, você é um representante da coroa dos humanos.

        O rapaz exibiu a mesma expressão novamente, ao ouvir a palavra "humanos".

- Em breve você estará tão habituado com esse ambiente quanto a Cinderela. E ninguém te fará mal. Pelo contrário, sua seriedade e seus feitos causaram boa impressão no meu conselho e nos outros convidados, que pelo que vi não te deixaram em paz. Queriam conhecer o regente de Campos e atual braço direito da rainha Branca.

- Bem, eu não me sinto digno dessa honra, mas agradeço.

       Vicente pensou que a boa impressão seria rapidamente desfeita se descobrissem o envolvimento dele com a herdeira do Reino Encantado. Ele deu licença para que a rainha pudesse despender a devida atenção aos reis dos alternadores, que estavam de partida, e esperou para se despedir dos recém-casados no exato momento em que Estela se afastou deles. Por poucos segundos sentiu inveja de Felipe, imaginando que casar com a mulher que se ama era algo raro e muito especial. Algo que não estava ao seu alcance, porque a vida sempre o privava das coisas boas.

      Ao se virar, procurou por Estela, para poder ir na direção contrária aonde ela estava. Não a avistou, e por um simples motivo: ela estava atrás dele.

- Senhor Pinoc! Estou tentando falar contigo há muito tempo e nunca consigo! Nem dançar você dançou. Minha avó acabou de solicitar que eu te acompanhe ao palácio e te mostre o reino pelo caminho. Venha comigo, precisamos tanto conversar e você poderá tirar suas dúvidas. Ela virá assim que o parque esvaziar consideravelmente.

- Alteza, agradeço, mas preciso voltar com urgência a Campos. Só irei resolver uma questão com a rainha Solange e partirei imediatamente. Não é necessário me mostrar seu reino, nem passear comigo. Preciso ser breve.

- Aconteceu algo?

      Havia acontecido apenas o sequestro do pai dele pela rainha das Trevas, mas o rapaz não pretendia revelar à Estela.

- Não se preocupe. Nada que não possa ser resolvido. Devemos ir agora, suponho. Se...

      Felipe apareceu diante dos dois com ar de súplica.

- Vocês estão partindo agora, certo?

     Eles assentiram.

- Preciso que me ajudem – Felipe disse em tom baixo. – Enquanto uma parte razoável desses desconhecidos não for embora, eu não poderei me retirar com a Aurora!

- Não são desconhecidos, são nossos aliados políticos – Estela disse.

- São inimigos da minha vida sentimental. O céu já escureceu! Falamos com todos, fomos educados, mas uns reprovaram nossa cerimônia, o que é um problema deles, porque o Vigia é da família, e outros querem negociar rotas, títulos e o preço da carne comigo. Hoje, não! – Felipe balançou o dedo e a cabeça em negativa. – Nem estou no Reino dos Conversadores para ter influência e oferecer porcentagens, e ainda que estivesse, eu não consigo pensar em troca de favores no dia mais feliz da minha vida.

O Conto dos Contos 2 - A Lenda do Era Uma VezOnde histórias criam vida. Descubra agora