Capítulo 13 - O cortejo

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Capítulo 13 – O cortejo

         Aurora e Felipe estavam quietos e inquietos, sentados à mesa, sem comer muito do delicioso jantar que fora servido no salão do Reino Encantado. Solange arqueou uma de suas sobrancelhas, bebericou de sua taça de cristal e ponderou se deveria perguntar a respeito. Provavelmente havia algum problema. Decidida a não se meter, manteve o silêncio e comeu um pedaço do lombo, que estava muito suculento.

- A flor está presa dentro da gaiola... Não dá para quebrá-la e pegar? – Felipe se preocupou.

- Não é tão simples. Henrique não tem poder sobre a gaiola. Ela só irá se desfazer quando a rosa se tornar roseiral.

- Mas a senhora tem esse poder. Ele pode usar o seu – Aurora observou.

- Foi exatamente essa a primeira coisa que ele tentou fazer quando virou fera, mas o cetro me serve de barreira.

- E o roseiral? Que tipo de controle irá exercer sobre a Aurora? – O príncipe indagou.

- Não sei. O mais provável é que perca o poder sobre ela, ou que se mantenha em apenas uma das flores. Infelizmente teremos que aguardar para descobrir.

- Ah, que bom – Aurora murmurou, apoiando o queixo sobre a mão.

         Felipe estava angustiado e queria avisar à rainha a respeito do ocorrido no Reino dos Conversadores. Era bom se prepararem para a reação de César Mogliani.

- Nós tivemos um dia e tanto hoje.

- Humm – Solange grunhiu em resposta.

         Aurora encarou Felipe, o ameaçando com o olhar, mas não foi o suficiente para silenciá-lo.

- Eu levei a Aurora para ver o Reino dos Conversadores.

         Solange franziu o cenho, sem entender o que ele havia dito.

- Ver? Como conseguiram ver sem entrar? Subiram numa torre por perto? Avistaram algo preocupante? Oh, céus! Ela conseguiu ver através dos animais?

- Que? – Aurora se surpreendeu. - A senhora realmente acha que essas opções são mais possíveis de acontecer do que nós dois passarmos pela entrada? Como uma fada veria através dos animais?

- Vocês entraram? Pela passagem dos muros? Dentro do Reino dos Conversadores? E César...

- Meu pai foi resolver pendências com o rei Tristan. Vi uma oportunidade ao constatar que ele estaria longe.

          A rainha fada arregalou os olhos e apertou os cabos dos talheres com as mãos. Respirou fundo, de olhos fechados, e deixou o ar sair bem devagar.

- É possível que ele nem desconfie de tal aventura? Foram, ao menos, discretos?

- A essa altura, o único conversador que não deve saber de nossa visita é meu irmão. Tivemos uma saída memorável – Felipe debochou.

- Eu não ordenei que a trepadeira subisse pelos muros! Ela fez isso so-zi-nha!

- Perdão, o que? – Solange continuou confusa.

- O muro está florido. Todo florido – Felipe explicou.

- Por quê?

- Também não sei! – Aurora respondeu. – A planta quis assim. Eu bem vi que o Reino dos Conversadores não era florido, mas não mandei florescer nada. A planta cresceu e não consegui fazê-la regredir. Não me obedeceu. Os conversadores sabem do meu dom.

O Conto dos Contos 2 - A Lenda do Era Uma VezOnde histórias criam vida. Descubra agora