Capítulo 15 - Fantasmas do passado

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Capítulo 15 – Fantasmas do passado

        Victor chegou ao Reino dos Conversadores cabisbaixo. Iria visitar Estela em breve, e a mesma com certeza traria notícias de Aurora e de seu irmão. Ele acreditava que se não podia se alegrar consigo, ao menos se alegraria por Felipe.

        Mal passou pela entrada, se surpreendeu com o interior florido dos muros. Era uma visão linda, selvagem, que dava a ideia de liberdade em lugar do confinamento habitual.

- Quem fez isso? - Ele perguntou a si mesmo.

- Aquela petulante da Aurora! - César apareceu rapidamente atrás do filho, e mesmo com o tom de voz ríspido, estava com o olhar alegre por ter seu menino de volta.

- Eu gostei.

- Você gosta facilmente das coisas e das pessoas. Está magro, pálido - o rei examinou o filho com cuidado. - O almoço já será servido.

- Na verdade eu engordei.

- Está, com certeza, magro!

      Não estava, mas era uma discussão desnecessária e Victor cedeu.

- E como é que minha cunhada fez isso?

- Cunhada? Que isso! Está louco? Oras!!! Eles invadiram o meu reino! Nas minhas costas! E fizeram isso - o rei apontou para o muro. - Esse... esse atrevimento!

- Uhm, flores no muro. Que terrível. Não foram presos e punidos?

- O debochado é o seu irmão, não você, então pare com isso.

     Victor sorriu e abaixou o olhar para rir por dentro.

- E a princesa, está na última fase do treinamento?

      O rapaz empalideceu, mudando de humor.

- Sim... Creio que será coroada em pouco tempo.

- E você disse tudo o que tinha para dizer?

- É, surpreendentemente, sim. Mas eu já sabia que seria rejeitado.

- Ela não teve tempo para superar a rejeição anterior. Você vai esperar mais ou finalmente conhecerá uma conversadora, uma boa moça do nosso reino, para me dar uns netos?

- Como esqueceria uma mulher que amei a vida inteira em questão de segundos? Por favor, pai, não seja insensível.

      O príncipe caminhou em busca dos portões do palácio, no intuito de descansar um pouco em seu quarto, sentir o aconchego de seu canto especial, reconhecer as cores e os aromas. Seu pai percorreu o trajeto ao lado dele.

- Você está abatido, triste demais. O que exatamente ela disse?

- Nada.

- Prometo que não irei ofendê-la. O que ela respondeu?

- Ela não disse nada, só ficou me olhando assustada e eu fui embora.

      O rapaz entrou no quarto e não pôde fechar a porta. Seu pai queria continuar aquele assunto doloroso, parecia não entender que ele queria ficar sozinho.

- Ela não disse não?

- Porque ficou com pena de mim.

- Ela ficou na dúvida?

- Na dúvida se me dizia não ou se só olhava para mim aterrorizada.

- Você também não se valoriza! Que isso? Se você não acredita que é digno dela, ela também não irá acreditar. Se a olha como se não a merecesse, como fará ela acreditar que a merece? Você é tão honrado, como pode se aproximar dela como um cão abandonado? Você será rei um dia, erga essa cabeça! A sua reputação te precede!

O Conto dos Contos 2 - A Lenda do Era Uma VezOnde histórias criam vida. Descubra agora