CAPÍTULO 12 – Ousadia
Solange já estava cansada das idas e vindas de um reino ao outro e seus súditos também. Ela não poderia se retirar do Reino Encantado com facilidade depois, havendo acumulado muitos afazeres por causa dos netos. Ciente disso, solicitou que a carruagem fosse até Campos, para fazer valer a viagem, uma vez que não tinha tempo a perder.
A construção dos muros estava pela metade, e isso a ajudava a ter uma desculpa para suas saídas, uma vez que a proteção de verdade sobre eles seria mágica. Os humanos não entendiam isso. Vicente sabia que seria eficiente e que o Reino dos Conversadores era murado e sem invasões de bruxos. Também sabia que havia projetos para a construção dos muros e os usou. Rapazinho sagaz e intuitivo!
A rainha fada percebeu ao olhar pela abertura da carruagem que havia maior vigilância nas ruelas, com guardas espalhados. Não muitos, mas o suficiente. A situação não devia estar muito boa.
Assim que chegou ao palácio, foi anunciada à neta e a Pinoc.
Estela surgiu radiante, mas com o olhar preocupado. Já o rapaz teve que interromper uma reunião com os conselheiros, e veio impaciente e agitado. Ambos surgiram no salão principal.
- Vovó!
- Majestade – ele se curvou.
- Creio que vim em boa hora. Ambos parecem ter que falar comigo. Estela, querida, se importa se o regente for o primeiro?
A moça arregalou os olhos, retirando-se, roendo o polegar de preocupação. A rainha aguardou para perguntar:
- Podemos conversar aqui, ou é melhor na sala de uso privativo?
Ele ofereceu o braço a ela em resposta, conduzindo-a até a sala. Os dois passaram por Estela na escadaria e subiram na frente, com passos apressados.
A rainha se sentou como se estivesse íntima do local, o que de fato estava, enquanto Vicente andava em círculos arranjando tempo para escolher as palavras a serem empregadas. Contudo Solange era sábia e percebeu que ele precisava de conselhos, dando início à conversa.
- Você é regente sem orientação alguma. Sou experiente, posso te ajudar.
- Os conselheiros me orientam... – ele revirou os olhos, zombando.
- É... Há momentos raros e maravilhosos em que eles dão conselhos úteis visando interesses que não são os deles. Lúcio ouvia Merlin, Branca fará o mesmo. E você obviamente não tem em quem confiar. A última vez que vim você estava dormindo.
Vicente enrubesceu de vergonha.
- Eu não sou relapso com meus deveres.
- Não, você dorme pouco com medo do que farão enquanto está de olhos fechados. Parece cansado demais. Vi mais guardas pelas ruas do que o usual. Há algum problema?
- Não, não temos revoltas populares e tenho dialogado com os comerciantes, nossos negócios com os outros reinos estão prosperando. A nobreza de Campos que é o problema. A coroa tem passado por transições tão rapidamente que dá a ideia de que está frágil. E está.
Solange assentiu, enquanto Vicente continuou com sua fala.
- A senhora é muito poderosa e influente. Quero que me prometa que cuidará de meu pai, Gepeto Pinoc, e de sua cuidadora, caso eu morra.
A rainha estreitou o olhar.
- Cuidarei. Quem quer sua morte?
- Qualquer nobre solteiro ou com filhos solteiros que possam se casar com a herdeira De Neve. O casamento serviria para legalizar o golpe. Se ela estiver no treinamento e eu falecer, o conselho governará, mas não é forte o suficiente, e qualquer um com influência pode usurpar o trono.
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O Conto dos Contos 2 - A Lenda do Era Uma Vez
FantasyAurora já teve que lidar com falsas acusações, esconder-se no Reino dos Humanos, ser humilhada diante de um povo e mortalmente ferida. Tudo o que quer agora é viver em paz ao lado de Felipe, encontrar Eli, e escrever seu nome na pedra para se tornar...