Capítulo 4 - Nobres motivações

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Dedicado a @Mariana262002 e ao falante grupo de coisas aleatórias no zap

Capítulo 4 – Nobres motivações

Aurora estava debruçada sobre a janela, ora encarando a lua cheia, ora a floresta onde seu noivo estava escondido. A preocupação e a culpa haviam espantado seu sono. Havia preparado um cantinho para ele numa parte escura da floresta, onde dificilmente seria encontrado por algum fadem. A guardiã imaginou-se no lugar do príncipe, ao ar livre, na forma de animal. Será que doía a transformação em lobo? Ela não sabia dizer, e Felipe evitava o assunto. O fato dele não falar a respeito já insinuava que não era uma boa experiência.

- O que eu fiz com você? - Ela lamentou.

A nova fada esfregou uma mão na outra e abraçou os joelhos. Suas meias de lã não eram o suficiente para aquecer os pés. A noite estava fria e escura, porém muito estrelada. Um asteroide despencou velozmente do céu, numa cena belíssima, feroz como a força da natureza. A guardiã poderia considerar o feito como normal, não fossem as outras estrelas cadentes que tornaram o céu assustador. A origem daquele espetáculo ela já poderia deduzir:

- Estela, o que você está fazendo?

***

Em questão de segundos Vicente já estava vestido, totalmente alerta, correndo pelo corredor. Desesperado, o regente Pinoc bateu repetidamente na porta de Estela e invadiu o quarto. Ela acordou com o susto, e seu rosto estava suado, com expressão de pavor.

- Preciso te levar para um lugar seguro!

- O que? - Ela esfregou os olhos.

- Parece que o céu vai desabar! Você não ouviu? - O rapaz correu para a janela e a abriu violentamente. - Olha!

- Não estou vendo nada...

- Mas está caindo... - Vicente parou e encarou o céu. Estava tudo calmo e tranquilo. - É que estava... Mas não está mais... O que?

O regente se virou para a princesa muito constrangido.

- Perdão. Havia muitas estrelas cadentes...

Dessa vez foi Estela quem ficou constrangida.

- E isso parou quando eu acordei?

- Eu juro que é verdade! Peço perdão pelo incômodo... Vou me retirar.

- Pararam quando eu acordei... - Estela suspirou. - Alguém se feriu?

Antes de abrir a porta Vicente prestou atenção no que Estela perguntava, principalmente em seu tom de voz. Parecia nervosa e muitíssimo preocupada.

- Poucos guardas, nada grave.

Ela cobriu o rosto em pânico.

- Eu não queria... Eu sou horrível.

- O que? Mas você não tem culpa! O céu enlouqueceu!

- Sou uma pessoa horrível! - Ela começou a chorar.

O regente não entendeu por que ela se sentia culpada. Foi ao seu encontro e viu como tremia. Devia ter tido um pesadelo.

- Foi só um sonho.

- Não. Eu sou perigosa.

Vicente não aguentou e desatou a gargalhar. Estela devia ser tão perigosa quanto um filhote de coelho. Ele teve que interromper o riso diante da seriedade no rosto dela.

- Alteza, pode confiar em mim, você é a melhor pessoa que eu conheço.

- Então não conhece muitas pessoas.

O Conto dos Contos 2 - A Lenda do Era Uma VezOnde histórias criam vida. Descubra agora