Capítulo 23 – A mais amada
Malévola, Edgar e Gepeto estavam diante do Reino das Trevas. O senhor baixinho e de mente confusa encarou o local com muito receio, diante das nuvens escuras que pairavam em torno do castelo macabro.
- Bem-vindos ao novo lar de vocês! – Malévola os recepcionou com orgulho de seu reino.
- Não gostei, não – Gepeto reclamou.
- Cale a boca – Edgar deu um tapa no pé da orelha do velhinho.
A rainha dos bruxos se virou para os dois e girou a mão direita no sentido anti-horário. Em segundos, eles estavam no calabouço, na frente de uma cela livre, a mesma que havia pertencido a Eli.
- Este é o seu aposento.
A bruxa repetiu o movimento com a mesma mão e transportou o pai de Vicente para dentro da cela. O senhor ficou desesperado e se posicionou diante das grades, abraçado ao boneco de madeira, implorando para sair dali.
- Eu e meu filho queremos voltar para casa, nos tire daqui! Não sou bandido, não roubei, não fui eu!
- Bem que você disse que ele era louco – Malévola analisou seu refém. – Ele chama esse boneco horroroso de filho? Que estupidez.
- Não fale do meu filho! – Gepeto a advertiu, o que fez Malévola e Edgar rirem.
- Não quero seu filho de madeira. É seu filho de carne, osso e sangue que me interessa – ela disse, sorridente como uma serpente a dar o bote.
Malévola caminhou até Úrsula, que estava atenta ao reboliço que acontecia naquele calabouço.
- Querida, agora você tem um amiguinho. É o sogro da princesa vaga-lume.
- Um não, dois, ainda tem a marionete – Edgar completou, se sentindo poderoso.
- Ah, sim, o filho dele! O irmão mais novo do regente.
Úrsula encarou o casal tenebroso e balançou a cabeça em reprovação. Os advertiu com diversão nos olhos:
- Um dia o rei das trevas retornará e haverá de rir muuuito de vocês dois.
- Eu saberei domá-lo – Malévola garantiu.
- Se submeter às vontades dele para não perder território não é dominação. Muito pelo contrário! É ser dominada.
Malévola soltou seu colar de ouro do pescoço e o fez aparecer em Úrsula. Usou o objeto para enforcá-la com força, enquanto ela lutava por ar. A torturou até ficar satisfeita com o corte no pescoço e o olhar de desespero de sua prisioneira. A mais violenta dentre as violentas trouxe o colar de volta e pediu a Edgar que o fechasse em seu pescoço, sem tirar os olhos da bruxa torturada. Rebateu o comentário com sua língua venenosa:
- Você fala isso por experiência própria, pois sua vida foi uma decadência, cedendo para sobreviver. Não irei repetir seus erros, Úrsula. Agora dê-me licença, pois tenho que mostrar o resto do palácio ao meu braço direito.
- Sim, um humano sem poderes.
- E está melhor do que você, que é bruxa e vidente. A vida é cheia de mistérios.
Malévola lançou a cabeça para trás e jogou todos os dedos para baixo. Em seguida, surgiu com Edgar no salão de visitas. O homem chegou a irradiar um brilho no olhar ao ver a decoração em ouro, carmim e creme. Era tudo tão luxuoso, perigoso, e levemente sensual, bem mais extraordinário do que ele esperava.
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O Conto dos Contos 2 - A Lenda do Era Uma Vez
FantasyAurora já teve que lidar com falsas acusações, esconder-se no Reino dos Humanos, ser humilhada diante de um povo e mortalmente ferida. Tudo o que quer agora é viver em paz ao lado de Felipe, encontrar Eli, e escrever seu nome na pedra para se tornar...