Capítulo 39 – Guerra interior
Quando Aurora, Felipe e César chegaram à entrada do palácio, desanimados e exaustos, se depararam com uma dupla que berrava, exigindo conversar com os pais da menina raptada, chamando-os pelos primeiros nomes, denotando intimidade.
O príncipe conversador foi o primeiro a identificar as vozes de seus companheiros, Balu e Baguera, e acelerou o passo, confirmando com os olhos o que seus ouvidos haviam descoberto. Surpreso, ele ordenou aos guardas:
- Liberem a entrada! Nós os conhecemos!
- Conhecemos? - César indagou, logo atrás do filho, sofrendo com a subida do último degrau da escadaria. A cada ano parecia que colocavam mais degraus.
- São lenhadores, nossos amigos - Aurora explicou, posicionando sua mão sob o ombro do sogro.
O trio de Moglianis adentrou no palácio acompanhado pelos alternadores, que falavam aceleradamente sobre a rainha bruxa e a transformação dos lenhadores em animais. Os dois Andrés tentavam explicar o ocorrido, mas falavam ao mesmo tempo e com palavras diferentes, o que impediu qualquer tipo de entendimento dos relatos.
César foi na frente, direcionando o grupo ao salão principal, que embora ausente de convidados, ainda continha a decoração da festa. Ansiava por uma conversa mais serena e pausada. Talvez os relatos os ajudassem contra Malévola.
Victor, Solange, Cinderela e Estela se encontravam sentados ao redor das mesas dispostas no salão, aguardando notícias e tentando prevê-las, imaginando mil e uma hipóteses. Os quatro se levantaram de imediato de suas poltronas com o surgimento daquele grupo.
Apenas Branca se encontrava ausente, posto que localizada no andar superior, ocupada em ninar os filhos, que ficaram assustados com o sumiço da prima. Ainda assim, era como se sua mente estivesse no salão principal, com seus familiares, retorcida pela angústia.
No salão, Balu e Baguera se sentiram pouco à vontade diante da princesa Cinderela. Seria sua futura rainha, afinal.
Apesar de os Andrés terem recebido, ao longo dos sete anos, diversas visitas do príncipe Felipe e da princesa Aurora ao Reino dos Alternadores, os dois nunca tinham entrado em um palácio antes, nem mesmo com o convite dos Mogliani.
Balu observou a beleza do local e assoviou, impressionado. Baguera pisou no pé do amigo em resposta. Antes que pudessem iniciar a explicação, os familiares da menina, que não tinham a menor ideia do que havia ocorrido, desataram a fazer perguntas.
- Por que a Rapunzel não retornou com vocês? – Cindia perguntou, sem rodeios, com a mão na cintura e expressão de terror.
Aurora encarou Felipe e imaginou que a conversa com os lenhadores sofreria com um pequeno atraso. Em resposta à irmã de consideração, disse:
- Ela está com a Malévola.
- Que? Por quê? Há anos que nem ouvimos falar nela! – Victor exclamou.
- Ela enviou aqueles animais? O tal tigre? – Solange quis saber.
- Sim, pelo que eu entendi, eram lenhadores – Felipe respondeu e encarou os Andrés. – Esses dois aqui são meus amigos, foram transformados em animais, e vão nos explicar melhor o que aconteceu.
Todo o grupo passou a olhar com ansiedade para os dois lenhadores. Balu e Baguera entreolharam-se e se sentiram ainda mais constrangidos. Eles estavam intimidados com a presença de tantas pessoas com coroas sobre as cabeças. Felipe e Aurora eram diferentes, de um modo que nem dava para explicar, mas os outros, não. Eram... reis e princesas cheios de pompa.
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O Conto dos Contos 2 - A Lenda do Era Uma Vez
FantasyAurora já teve que lidar com falsas acusações, esconder-se no Reino dos Humanos, ser humilhada diante de um povo e mortalmente ferida. Tudo o que quer agora é viver em paz ao lado de Felipe, encontrar Eli, e escrever seu nome na pedra para se tornar...