Capítulo 8 - Curando as feridas

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Capítulo 8 – Curando as feridas

Vicente entrou no palácio cego pelo ódio e desejo de vingança. Quem o conhecesse agora jamais diria que ele era racional e totalmente controlado. Numa busca frenética por Edgar, os guardas ficaram a postos, pressentindo a luta que haveria. Era o olhar de guerra de Vicente, aquele que usava quando apenas a força bruta podia resolver. Todo cavaleiro tinha esse olhar, a diferença é que esse era o último recurso do rapaz, bem como qualquer guerreiro sábio. Os mais próximos de Vicente o seguiam, o percebendo disposto a matar. Não conseguiam imaginar que feito de Edgar poderia levá-lo a isso, uma vez que o senhor Ston já havia feito coisas tão terríveis antes, que levariam qualquer um à loucura, enquanto Vicente permaneceu indiferente e pacífico.

Quanto o regente encontrou Edgar, o mesmo encarou com deboche e muita satisfação. Havia conseguido atingir o limite do ruivo metido. E o que mais queria era a oportunidade de bater nele.

- Lá fora - Vicente ordenou. - Sem armas. Você e eu.

O sorriso de Edgar se alargou, e havia um brilho em seu rosto, iluminado pela certeza de que o regente havia mesmo adquirido uma fraqueza loirinha e adorável. E ele faria questão de usar essa informação para acabar com Vicente.

***

- Então, pediu ao Téo um ofício?

Felipe encarou Aurora e assentiu, sem ter vontade de falar para ela sobre o trabalho como agressor de árvores.

- Vai trabalhar com o que?

- Estou mais interessado em saber quando é que vamos nos casar. Você é fada, o Eli voltou, não há nada impedindo...

- É que estamos procurando a Zinim.

- Aurora, não sabemos quando iremos encontrá-la. Pare de acrescentar coisas a fazer antes de se casar. Podemos procurá-la casados. Se formos esperar para resolver todos os problemas antes de nos casar, então seremos noivos a vida inteira.

A guardiã cruzou os braços, pensativa.

- Quero que a Estela e o Vicente possam ir à cerimônia.

- Pedi para os guardas barrarem a entrada deles, mas se você insiste...

- Estou falando sério. Estela não pode sair de Campos até o retorno da Branca.

- Não seria melhor nos casarmos durante o treinamento dela?

- Não é o melhor para Campos. Vamos esperar. Enquanto isso vou escolher meu vestido, as flores, o local, a decoração... Feliz? Vou aproveitar que estou aqui e conseguir uns conselhos com a Cindia antes de partirmos.

***

Sentada em cima de uma mureta de pedras, Branca soprava a flauta mágica, tocando três notas corretamente, com seus dedos latejando por trabalhar na limpeza. Ela encarou Victor, esperando o mínimo de encorajamento para prosseguir. Com muito sacrifício, conseguiria tocar uma música.

- Está melhorando – ele cumpriu com seu papel.

- Se eu aprender a tocar uma nota por dia, daqui há um ano saberei uma música inteira.

- Não precisa ficar nervosa. Temos tempo.

- Não, não temos! Tenho que aprender a tocar a flauta antes que o meu tutor conversador deixe de participar do meu treinamento para ir cortejar a minha prima no meu palácio – ela rebateu de mal humor. – Ah, e a Estela sabe tocar flauta. Uma fada que mais parece uma sereia, de tão talentosa na música que ela é. E boa, e bonita. Eu não sei por que, acho que vocês combinam tanto que acabam não combinando. Não estou fazendo sentido!

O Conto dos Contos 2 - A Lenda do Era Uma VezOnde histórias criam vida. Descubra agora