Capítulo 44

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Fazia mais ou menos dez minutos que estávamos caminhando e a única coisa que tínhamos encontrado eram mosquitos muito persistentes e galhas que insistiam em se enroscar nos meus pés. Nosso grupo tinha entrado em uma formação um tanto curiosa se levasse em consideração que, tirando Noah, nenhum de nós esteve em busca por desaparecidos antes. Costumavam dizer que as melhores equipes se formavam nas piores circunstâncias e eu esperava que fosse mesmo isso, para a nossa sorte a dos nossos amigos.

A cada passo que dávamos para a escuridão e para o silêncio estranho que parecia se formar no coração da floresta, as coisas se tornavam um pouco mais estranhas. Não havia som de grilos ou outros animais noturnos, nem mesmo a mais suave brisa soprava, era como se tudo estivesse parado. Quanto mais andávamos mais inquieta eu me sentia. Não era medo o que eu sentia, pelo menos não completamente, mas era uma sensação estranha familiar que parecia ter se grudado em mim e se intensificava quanto mais nos aprofundávamos na floresta. As palmas das minhas mãos formigavam, meu corpo estava gelado, embora o ar ali na floresta estivesse um pouco abafado pela falta de vento, o que era bem estranho levando em consideração o horário. Meu peito estava apertado e eu sentia dificuldade para respirar, como se me faltasse ar.

Eu não tinha certeza como sabia, mas meus instintos gritavam que alguma coisa muito errada estava acontecendo.

Olhei para o lado e notei que tudo parecia tão normal quanto estava a alguns minutos atrás, mas Dimitri não parecia estar em um estado muito melhor do que o meu. Seu rosto estava pálido e ele suava, a mão que segurava a lanterna tremia e ele parecia prestes a desmaiar.

-Você está bem? - perguntei parando de andar e o fazendo para também.

-Eu não... Não sei. - falou com a voz baixa franzindo a testa. - Me sinto estranho.

"Você não deve temer a floresta, mas o que vive nela."

Nós dois paralisamos e olhamos ao redor, a procura de quem tivesse falado. A voz que tinha falado era baixa e feminina, quase sussurrante. Eu não sabia dizer de onde ela tinha vindo, mas pelo espanto no rosto de Dimitri eu ficava feliz por saber que não era mais um truque da minha imaginação.

-Ouviu isso? - perguntou ele.

Assenti e me aproximei mais dele, um movimento que foi mais por instinto do que intencional.

"Você não deve temer a floresta, mas os que habitam ela."

A voz repetiu e eu segurei no braço de Dimitri, apontando minha lanterna para as árvores mais densas do meu lado direito. Meus dedos formigaram onde toquei em sua pele e me sobressaltei ao notar o quanto ele estava quente, quase como se estivesse com febre, bem ao contrário da minha pele que parecia estar congelando. Senti um estalo na minha mente e cambaleei até bater as costas em uma árvore, minha visão ficou turva por um momento. A imagem que vi era desfocada, mas pude vislumbrar um rosto que me parecia familiar, ou pelo menos algo nele me incomodou o suficiente para minha memória ser ativada por alguns instantes.

Antes que eu pudesse reconhecer o rosto, a imagem desapareceu, tão rápida quanto tinha aparecido. Eu pisquei e minha visão voltou ao normal, embora eu ainda pudesse ver o rosto borrado a cada vez que fechava meus olhos. Dimitri estava parado a quase dois metros de distância de mim, seus olhos estavam arregalados e seu rosto parecia ainda mais pálido do que antes, provando que aquela esquisitice não tinha acontecido só comigo. Pelo menos eu não estava ficando louca. Foi apenas por um instante, mas eu podia jurar que enquanto olhava para Dimitri, pude ver um brilho prateado crepitando ao redor dele. Mas assim como o rosto que eu tinha visto, sumiu assim que pisquei.

-Você também viu... - comecei a falar, mas parei quando vi a testa franzida de Dimitri.

Ele estava olhando fixamente para o chão e sua lanterna estava apontada para os meus pés, formando um grande círculo de luz ao meu redor. Sua expressão era confusa e ele parecia um pouco perdido.

Meu Último Suspiro - O início - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora