Capítulo 46

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Noah conseguiu achar um galho que parecia mais uma bengala do que uma muleta, mas ela serviu do mesmo jeito, embora desse um pouco mais de trabalho. Ele seguia na frente com Pietro, que não tinha dito mais nenhuma palavra depois da nossa pequena discussão, e Dimitri andava mais devagar para me acompanhar, o que eu sabia que devia estar sendo incomodo para ele, mas me deixava feliz ver seu lado prestativo dando as caras. Pelo que Noah tinha nos dito faltava pouco para que chegássemos até a cerca que delimitava a propriedade e ai faríamos uma parada para contatar os outros grupos e descobrir o que eles tinham encontrado.

Me recostei em uma árvore para descansar por alguns minutos, embora ainda tivéssemos mais um bom trecho para andar e tentei mover um pouco meu tornozelo dolorido, mas isso só fez com que piorasse mais. Esse, de todos, era o pior momento para eu me machucar. Estava pronta para fazer um comentário sobre isso quando um cheiro familiar me atingiu. Um aroma doce e floral invadiu meu nariz, me fazendo congelar. Dimitri, que não tinha notado que eu não estava o acompanhando até aquele momento, parou e olhou para mim.

—O que foi? – perguntou.

—Está sentindo isso? – perguntei.

Ele franziu a testa.

—Não. Sentindo o que?

Fechei meus olhos e inspirei fortemente, fazendo o aroma novamente me atingir com tudo. Para o cheiro estar tão forte ela não devia estar longe. Um sorriso quase incrédulo se formou em meus lábios. Não era possível, mas não havia como ter outro perfume como aquele por ali.

—É cheiro de perfume. – falei mal contendo minha animação. – É o perfume da Alexandra.

—Tem certeza?

—Acho que sei reconhecer o perfume de uma das minhas melhores amigas. – falei mirando minha lanterna. – Ainda não estou louca.

—Pessoal! – gritou Dimitri para o outros dois. – Achamos alguma coisa aqui.

Noah e Pietro detiveram o passo e voltaram até onde estávamos. A floresta estava começando a ficar mais fechada, dificultando andar por aquela parte, e os arbustos eram tão densos que não permitiam que víssemos muito nem mesmo com as nossas lanternas. Era um lugar complicado, mas também um ótimo esconderijo. Se eles realmente tivessem sido atacados, o que eu não duvidava, aqui poderia ser um lugar para o qual eles correriam.

—O que acharam? – perguntou Noah.

—Eu senti o cheiro do perfume da Alexandra. – falei. – Então eles não devem estar longe daqui.

—Tem certeza? – perguntou.

—Absoluta.

—Eu também estou sentindo. – falou Pietro.

—Alexandra! – gritei o mais alto que pude.

Todos ficamos em silêncio, por longos e intermináveis minutos.

—Safira! – gritou uma voz familiar de volta. – Safira!?

O som tinha soado tão perto que era como se ela estivesse a apenas alguns passos de mim, mas não havia nada ali a não ser árvores e arbustos. Escutar a voz de Alexandra foi o mesmo que tirar uns dez quilos de cima dos meus ombros, como se pela primeira vez na noite eu finalmente pudesse respirar. Eles estavam vivos! Essa era a única frase que se repetia incessantemente na minha cabeça.

—Aonde vocês estão? – gritei.

—Acho que eles estão perto, a voz dela está ficando mais alta. – reconhecia a voz de Christopher. – Vamos por ali.

—Continue falando. – orientou Noah. – Isso vai ajudar eles a saberem onde estamos.

—Alexandra! Evangeline!

Meu Último Suspiro - O início - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora