Capítulo 6

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A voz que vem do começo do beco me é familiar, mas agora a suavidade se tornou fúria e uma frieza capaz de gelar a espinha. O moreno não perdeu tempo, cego em sua própria raiva me fez encolher quando partiu para cima de Pietro, eu não sei como ele me encontrou e por um momento fico grata por ele ter aparecido, mas ao mesmo tempo preocupada com o que pode acontecer com ele. Não me atrevi a fechar os olhos enquanto o moreno desferia um soco em seu rosto, mas rápido como uma flecha Pietro desviou e devolveu o soco lançando o cara aos meus pés.

Fiquei totalmente encantada vendo a graça e agilidade com que se move, mesmo estando em desvantagem de dois contra um, Pietro mostra claramente ter habilidade, sua força e velocidade demonstradas em cada golpe são incríveis. Ele pega o moreno pela gola do casaco e arremessa contra as latas de lixo, o loiro usa desse momento para ataca-lo, mas é bloqueado e os dois entram em um combate totalmente hipnotizante. Desviam e desferem golpes sem perder o ritmo, sempre adorei filmes de ação e mesmo estando na situação que estou não posso evitar ficar encantada com a luta a minha frente.

O moreno levantou também e os dois começaram a atacar em conjunto, senti meu coração se contrair quando um deles acertou um soco em Pietro e o derrubou no chão.

-Deixem ele em paz! - gritei arremessando a primeira coisa que peguei.

Vi a garrafa voar e acertar em cheio a cabeça do moreno que se virou para mim furioso, parece que eu consegui a atenção dele e seus olhos assassinos não estão me dando boas ideias do que ele quer fazer comigo nesse momento.

-Eu não me esqueci de você, vadiazinha. - rosnou para mim.

Antes mesmo que ele encostasse um dedo em mim Pietro já esta ao seu lado socando sua cara, não vi ele se levantando e mais uma vez me pego surpresa pela sua velocidade. Pelo escuro do beco eu não posso ver seu rosto, mas a energia cheia de fúria que estou sentindo emanar dele é o suficiente para fazer com que eu me encolha ainda mais contra a parede, fico de olhos arregalados enquanto eles lutam, não sei quanto tempo dura, se horas ou minutos, o tempo parece ter desacelerado. Volto a ter noção das coisas quando vejo os dois homens inconscientes jogados um de cada canto do beco e Pietro parado de costas para mim.

Ele fica parado por um tempo, depois se vira e anda até mim. Seu cabelo esta bagunçado, a roupa amassada, suja e parece rasgada em alguns lugares, tem um corte na sobrancelha e outro no lábio, uma marca se formando no queixo.

-Você esta bem? - perguntou.

Fico olhando para ele completamente abobada enquanto me ajuda a levantar, ainda não estou acreditando que isso é real, mas também não posso ter sonhado com tudo.

-Graças a você estou. - respondi com a voz fraca.

Minhas costelas reclamaram quando me estiquei e senti meu couro cabeludo doer pelo puxão que levei, a dor na mão onde o caco esta enterrado também não pode ser ignorada, já sinto minha mão queimando de dor, o sangue escorrendo livre por entre meus dedos. Levantei o olhar para Pietro olhando seus machucados.

-Se machucou muito? - perguntei.

Ele olhou para mim e abriu um pequeno sorriso.

-Vou sobreviver, não se preocupe.

Seu sorriso sumiu assim que ele realmente reparou na minha situação, seus dedos tocaram meu rosto com delicadeza avaliando se esta machucado e estremeci pelo contato, não foi algo voluntário.

-Como me achou aqui? - perguntei para desviar o constrangimento.

-Não me senti muito bem em deixar você ir embora sozinha, ainda mais nessa rua e então voltei. Reconheci você pela echarpe.

Meu Último Suspiro - O início - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora