Capítulo 41

221 16 1
                                    

No meu sonho eu estava deitada em uma areia branca e fresquinha com a água do mar molhando os meus pés. Eu ficaria ali para sempre se pudesse, mas um som infernal insistia em soar alto nos meus ouvidos, me arrancando cada vez mais do meu pequeno momento no paraíso. Foi aquele horrível momento que você começa a ter consciência de tudo, do seu rosto amassado no travesseiro, a coberta enroscada nas pernas e o calor que a manhã já estava lançando. Tateei ainda cega pelo sono até que encontrei o aparelhinho demoníaco, que no caso era o meu celular que estava perdido em algum lugar na cama até meus dedos o agarrarem. Eu forcei minhas vistas a enxergar o nome de quem me ligava, mas minha necessidade de fazer o barulho parar foi mais alto e eu apenas cliquei no botão e levei a orelha. Uma dor de cabeça se mostrando presente conforme eu acordava.

—Quem é a pessoa que não dorme que está me acordando? – perguntei com a voz rouca.

Eu não sabia se a pessoa do outro lado tinha me entendido, porque até para os meus ouvidos minha voz tinha saído quase como um grunhido. Eu podia ter o sonho mais maravilhoso que fosse, mas raramente acordava bem, beber podia me ajudar a dormir mais rápido, mas isso nunca me garantia uma boa noite de sono. Uma risada familiar soou do outro lado da linha e mesmo com minha mente turva, eu sabia quem era.

—Bom dia pra você também, mau humorada. – falou Pietro. – Liguei em um momento ruim?

Eu poderia ter sorrido se ainda não estivesse com uma parte da minha mente dormindo e outra com uma dor de cabeça muito chata.

—Depende do horário que for. – falei me sentando na cama.

Me forcei a abrir meus olhos e no mesmo instante fui cegada pela luz ofuscante que vinha da janela. Porque diabos ninguém tinha fechado a cortina ontem? Claro, porque ninguém estava boa o suficiente para isso.

—São dez horas. – falou Pietro.

—Puta merda! – resmunguei enquanto levantava da cama.

Minhas pernas se enroscaram no edredom e por pouco não fui de boca no chão enquanto tentava me levantar.

—Hum... Isso é porque acordei cedo demais ou porque você acha que está muito tarde? – perguntou confuso.

—Deixa eu fechar o holofote que é minha janela primeiro e depois eu te respondo.

Escutei sua risada mais uma vez e, depois de finalmente me livrar do edredom, corri até a janela e fechei a cortina, deixando o quarto em uma escuridão deliciosa a qual meus olhos agradeceram muito. Meus olhos já não se davam bem com o luz frequentemente, pela manhã ainda menos. Me recostei na parede e permiti que meus olhos se adaptassem a escuridão. Marisol estava enrolada até a cabeça com seu edredom e Alexandra estava encolhida em sua cama, apenas sua cabeça era visível e parecia estar em um sono profundo. Se elas acordassem até a uma hora ia ser um milagre.

—Agora sim posso te responder. – falei. – Eu acho que está muito tarde. Mas levando em consideração a hora que fui dormir, até que é um horário razoável.

—Sorte sua que poder dormir. – falou abrindo um bocejo. – Stefan caiu da cama hoje e achou que seria divertido me acordar.

Eu ri e depois levei a mão a boca, lembrando que as meninas ainda dormiam e que não seria bom acordar nenhuma das duas. Eu não seria capaz de lidar com nenhum mau humor além do meu. Andei até o banheiro e liguei a luz, enquanto eu era cegada momentaneamente, fechei a porta e me sentei na beirada da banheira.

—Tenho duas amigas hibernando aqui. – falei. – Acho que elas não acordam tão cedo.

—E você estaria no mesmo ritmo delas se eu não tivesse te acordado?

Meu Último Suspiro - O início - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora