Eu nunca tinha sentido uma dor como aquela em toda a minha vida.
Ela fluía como uma onda dilacerando tudo ao seu alcance. Eu não sei por quanto tempo fiquei gritando, mas quando minha voz finalmente falhou, Caleb me soltou no chão repentinamente e eu cai na neve. Ergui meu rosto para olha-lo, ainda que um pouco atordoada, e pude ver que o que tinha me perfurado não era uma faca, mas garras negras enormes e afiadas que estavam onde antes eram suas unhas, garras essas que ainda brilhavam com o meu sangue. Levei minha mão trêmula até a lateral da minha barriga e pressionei o ferimento, o vestido estava ficando ensopada rapidamente com a quantidade de sangue que eu estava perdendo.
—Não se preocupe, lindinha. - falou parecendo quase extasiado. - Eu não acertei nada muito sério, não quero que você apague antes da nossa diversão começar.
—Vai para o inferno! - rosnei para ele.
—Ele escolheu uma lutadora, posso ver isso. - Caleb se aproximou novamente de mim, os olhos brilhando de forma predatória. - Há ferocidade no seu olhar, uma chama de vida pura. Acredite, é uma pena desperdiçar uma preciosidade como você.
—Não ligo para o que você acha ou deixa de achar. - falei com a voz cheia de dor e raiva.
Eu não iria implorar pela minha vida. Eu podia não ter contato com esse tipo de mundo sujo e real, esse mundo cheio de escuridão que estava por aí, mas sabia que homens como aquele não ligavam, não recuavam, ele apenas se regozijaria com as minhas suplicas e eu jamais daria esse gostinho a ele. Eu queria morrer? Com certeza não, mas também não deixaria esse mundo de forma petética. Caleb fez um movimento, algo que poderia ser gracioso em alguma outra tarefa, e me pegou pelo pescoço novamente, suas garras pressionando contra minha pele, e me jogou contra outra árvore me mantendo presa nela. Com o impacto pude sentir mais sangue fluir das minhas feridas e começar a escorrer pela minha perna. A dor que senti com o golpe foi tão forte que fez uma lágrima deslizar por minha bochecha.
—Eu gosto de você, mas não teste a minha paciência porque ela é muito pouca. - falou de maneira divertida, mas sua expressão era de quem estava perto do limite. - Eu quero muito que isso dure, então colabore comigo e prometo que não vai ser tão doloroso.
Ele afundou as garras no meu braço esquerdo e as puxou, rasgando minha pele. Era como se ele estivesse me queimando, como se pudesse fazer cada nervoso do meu corpo sentir aquela dor. Eu gritei e gritei enquanto ele fazia força no meu braço até que eu pude escutar o estalo de algo saindo fora do lugar. Eu não sabia mais dizer de onde vinha a dor, porque isso era tudo que meu cérebro processava, dor. Eu não conseguia respirar direito, suas garras pressionavam meu pescoço até quase romper a pele e estavam começando a bloquear meu fluxo de ar. Eu me debati, levei minhas mãos até o braço que me segurava e apertei minhas unhas nele tentando desesperadamente com que ele me soltasse, tentando fazer qualquer coisa que fosse, mas não pareceu ter efeito algum.
—Adoro o som dos seus gritos. - falou parecendo estar quase em êxtase. - É como música. É o que torna a caçada ainda melhor, o medo que a presa sente a hora que sabe que não tem escapatória.
—Eu... Não tenho... Medo de você. - sussurrei com dificuldade.
Mesmo com a visão embaçada pude ver novamente aquele toque animalesco em suas feições, mas não apenas isso, loucura e euforia brilhavam em seus olhos. Era como eu pensava, ele não queria me matar apenas por vingança, queria porque sentia prazer com isso. Seu rosto era a face de um lunático.
—Ah, lindinha. - Caleb abriu um sorriso perturbador e deslizou uma de suas garras por minha bochecha, rompendo a pele por todo o caminho que fazia. - Eu sei que não sente e acredite, isso é ainda melhor. Porque eu quero fazer você senti-lo. – seu sorriso se ampliou. – Quero saber que vou ser a última imagem que você verá quando eu te matar. Quando você me implorar para morrer.
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Meu Último Suspiro - O início - Livro 1
Ficção GeralDepois de passar um ano na Itália esfriando a cabeça e vivendo seu sonho de viajar para o país que sempre quis conhecer, Safira Delacur sente que finalmente é hora de voltar para casa. Mesmo atormentada por sonhos estranhos e um forte pressentimento...