Fiquei uma meia hora tentando decidir se jogava ou não aquela flor no lixo. Porque falando sério, nunca era bom e muito menos inteligente, aceitar presentes de estranhos, ainda mais um que me parecia tão familiar. Eu já estava cansada e começando a ficar estressada, então por impulso, guardei a flor na parte da frente da minha bolsa e comecei a seguir o pouco caminho que me restava para chegar em casa. Depois eu decidia o que fazer com aquela flor. O trajeto não foi muito demorado, tanto que quando dei por mim já estava na porta de casa. O carro dos meus pais não estava na garagem e nem o meu, o que significava que nem mesmo meu irmão estava em casa, provavelmente estava no trabalho. Pelo bem dele era melhor não estar curtindo com os amigos no meu carro. Eu era boazinha, mas nem tanto assim também.
Peguei as chaves e destranquei a porta, aliviada por finalmente estar em casa. Stephanie estava deitada no sofá assistindo seus desenhos super concentrada e o único som que tinha na casa toda era o da televisão, mostrando que não tinha mais ninguém ali. Fechei a porta e andei até o sofá, colocando minha bolsa no encima dele.
—Oi princesa. – falei beijando seus cabelos.
—Oi Tatinha. – falou ela sorrindo.
—Cadê a mamãe? – perguntei indo para a cozinha.
—Ela foi ali no mercado comprar comida.
—E o Jake?
Ela fez uma caretinha fofa e desviou os olhos do desenho.—Mamãe disse que ele foi na casa da namolada.
Sorri, Stephanie era muito desenvolvida em sua fala para uma criança de seis anos, tanto que se não fosse pela voz infantil, poderia ser mais velha. Mas também tinha certas palavras nas quais ela se enroscava e algumas vezes, por ver seus amigos falando de um jeito, ela começava a falar também, mesmo que não fosse do jeito certo.
—É namorada, princesa. – corrigi. - Já disse pra você não falar com L onde não tem.
—Mais é legal falar assim.
Entrei na cozinha e comecei a revirar os armários e a geladeira. Eu não sabia dizer o que estava acontecendo comigo ultimamente, andava sentindo tanta fome e sede que era como se nada me saciasse, fora o estresse e mal humor que estavam se tornando constantes, coisa que não acontecida antes. Tess diria que é porque sou geminiana e ser bipolar faz parte das minhas características, mas para mim isso não tinha nada a ver com meus signo.
—Quer um lance, Stephy? – perguntei.
—Pão com presunto e queijo derretido. – falou. – E leite com café no meu copinho.
Sorrindo, fui preparar os nossos lanches enquanto cantarolava e olhava minha baixinha. Depois de tudo pronto, me joguei ao seu lado no sofá e passei o resto da tarde assistindo desenho com ela, mesmo que muitos deles eu achasse muito tosco e reclamasse para que Stephanie trocasse, o que gerava muitas caretas e resmungos da parte dela. Por algumas horas me permiti ser normal, ajudei minha mãe a preparar o jantar depois que ela chegou, tivemos uma refeição em família quando meu pai chegou, tirando meu irmão que ainda não tinha dado as caras, e depois de ajudar minha mãe a tirar a mesa, levei minha irmã para o quarto e brinquei um pouco com ela. Algumas pessoas poderiam dizer que odiavam seus irmãos, que não tinham paciência ou que eles apenas enchiam o saco. Os meus me irritavam e faziam com que eu perdesse a paciência, mas eles eram uma das maiores alegrias da minha vida, porque independente de qualquer coisa que acontecesse, eu sabia que eles sempre estariam comigo.
—Como foi o balé? – perguntei a Stephy.
Eu já tinha ajudado ela a vestir seu pijama e agora estávamos deitadas em sua cama debaixo das cobertas.
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Meu Último Suspiro - O início - Livro 1
General FictionDepois de passar um ano na Itália esfriando a cabeça e vivendo seu sonho de viajar para o país que sempre quis conhecer, Safira Delacur sente que finalmente é hora de voltar para casa. Mesmo atormentada por sonhos estranhos e um forte pressentimento...