Capítulo 19

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Sabrina

Já é quase madrugada ou já deve ser. Pois não há mais nenhuma alma viva circulando por aqui.

- Quero uma resposta, Sabrina. - cobra Marcos.

- Eu...não sei, estou muito confusa..

Ele riu baixo e baixou o olhar.

- Quero saber mais uma coisa, você conhece o Gabriel?

A pergunta me pegou de surpresa, um calafrio percorre toda a minha espinha. O rosto lindo de Gabriel invade a minha cabeça, recheando ela com aquele sorriso que me deixa nocauteada. Acho que ele percebeu o sorriso bobo que, infelizmente, deixo escapar pelo canto da minha boca.
Tento escondê-lo e rezo para que Marcos não tenha percebido.

Marcos segura a minha mão e deposita um beijo. E me olha, ele espera para minha resposta. Apenas balanço a cabeça em positivo. Minhas pálpebras ficaram pesadas, o sono está me enfraquecendo a cada segundo. A rua está vazia e fria, me sinto insegura com o que pode acontecer.
Penso em minha mãe, o que deve estar acontecendo com ela nessa momento.

É tanta coisa que eu me sinto culpada por estar me preocupando com coisas banais. Eu acabo esquecendo do que é mais importante; meu caso é da minha mãe, eu tinha que agora estar do lado dela, esperando a sua melhora. E estou me rabiscando para um romance que não iria para frente.

Ainda há coisas que eu não sei do Marcos, que ele insiste em guardar como segredo. Mesmo assim, ele é uma pessoa legal. Mas não é ele que faz meu coração saltitar, não é ele que faz minhas pernas tremerem, não é ele que me deixa nervosa. Eu só o via como um amigo.

- Então você o conhece?

- Sim, ele está cuidando do meu caso...

- Com encrencas?

- Meu patrão e uma funcionária me acusaram de roubo injustamente.

- Mas como foi isso?

Eu conto tudo detalhe por detalhe, ele escuta atentamente, no final ele está com uma expressão de indignação no rosto e depois assume uma expressão furiosa no rosto.

- O que? Como podem fazer isso? Esse Gabriel está cuidando direito disso?

- Sim, ele está estudando mais a fundo o caso.

- É melhor mesmo. Tudo bem, Sabrina, eu gosto muito de você, no momento eu sei que não é adequado te importunar com isso.

- Marcos...

- Mas eu sinto que você é para mim, por favor, eu vou te fazer feliz, me deixa tentar?

- Marcos, eu me sinto bem com você, mas não posso...

- Uma chance, só uma!

- E a Luíza?

- Eu não me importo, uma hora ela vai ter que me esquecer.

Suspiro.

- Sim, tudo bem, vamos ver no que vai dar.

- Prometo não te desapontar.

- Eu sei que não vai, está muito tarde, você quer entrar?

- Não. Já ocupei muito sua noite, tem que descansar.

Ele me dá um rápido selinho e se dirige ao seu carro e sai em partida. Finalmente eu entro dentro de casa e sem tirar a roupa que estou usando e me jogo no sofá. O sono pesa mas minha consciência está me atormentando. Me sinto culpada, e lágrimas percorrem meu rosto. A sala está num breu. Não me dei o trabalho de ligar a luz e muito menos a televisão.

O silêncio ajudava o sentimento da culpa se aumentar, e choro copiosamente depois de cinco minutos. Pensamentos horríveis cruzavam a minha mente, me deixando sem argumentos. Minha mãe saberia o que dizer nessas horas, e ela está numa cama de hospital e eu aqui sem nada para fazer, se ao menos eu ficasse ao seu lado, mas não estou.

Estou me aventurando nos cortejos do filho do cardiologista da minha mãe. Onde eu estou com a cabeça? Que direção estou dando a minha vida?

▪▪▪

A areia fofa e úmida debaixo dos meus pés, refrescava o peso do meu corpo. A brisa leve e suave batia contra meu rosto, esvoaçando meus cabelos. Pela primeira vez, eu me sinto Eu, me sinto livre e feliz. Sem preocupações. As ondas batiam levemente em meus pés e um sorriso brota em meu rosto.

A praia está vazia e ensolarada, não tinha limites, a calmaria era perfeita. O céu límpido e tranquilos, aves migrando pelo céu, e eu apenas eu ali. Mas sinto falta da minha mãe, do sorriso dela e me perco nas memórias que eu guardei desde a infância.

Para um sonho bonito e bom, foi estranho. Uma música retumbou pelo ar, e vejo algo se movimentar com um chiado agudo. Meus pés travam no mesmo lugar, olho para minha frente e vejo Gabriel na minha frente, seu sorriso e seus olhos cor de mel tão vivos e penetrantes, fazem meu corpo cambalear, minhas pernas já não me obedecem e o arrepio percorre todo o meu corpo.

Minhas pernas parecem ter vida própria porque correm em sua direção e ele corre em direção a minha. Em pouco tempo, estou jogada em seus braços, estou feliz. Sinto que ele me ama.

- Gabriel, eu te amo!

Algo me arranca dos braços de Gabriel e me joga num vão escuro sem fim.

▪▪▪▪

Acordo sobressaltada e olho para o relógio, ainda são quatro da manhã. Não sinto mais sono, e o vento gélido anunciava que vinha chuva por aí. Me levanto e vou no banheiro tomar uma banho quente e relaxante e para despertar os músculos adormecidos e preguiçosos.

Após o término, coloco uma calça jeans e uma camisa vermelha de mangas longas, prendo meu cabelo em rabo de cavalo. A presença do sonho estava vívido em mim, como se tivesse sido real. Pego minha bolsa e saiu de casa sem medo.

Advogado Sedutor - Livro 2 (Repostagem)Onde histórias criam vida. Descubra agora