Capítulo 30

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Gabriel

Eu a vi ir embora. A vi descer o gramado, o que foi que eu fiz? Eu sou um completo idiota. Ela estava nas minhas mãos, por que diabos eu disse aquilo? Ela não é desse jeito. Mas talvez, tenha sido melhor assim, ou não. Eu não estou conseguindo pensar em nada a não ser na maneira como ela saiu daqui. Respiro fundo e fixo meu olhar para qualquer ponto a minha frente, me sinto culpado e um verdadeiro cafajeste.

Alguém toca em meu ombro e olho para meu lado esquerdo e vejo minha mãe, me olhando com carinho e doçura, obviamente todos eles viram e ouviram o que eu fiz. De repente senti uma vontade louca de me agarrar em seu colo e chorar como uma criança, feito uma criança que corre pro quarto dos pais, por medo do som do trovão. Estou perdido sem ela, o que eu vou fazer, já sinto falta de estar perto de Sabrina, me sinto desolado, sem nada.

- Meu filho, o que foi isso? - pergunta minua mãe.

- Eu não sei, eu...- digo e enterro meu rosto em seu pescoço.

- Calma, vamos lá para dentro e a gente vai conversar direitinho sobre isso.

A solto com relutância e limpo meu rosto e vou para dentro de casa com ela. Ela me coloca sentado na mesa da cozinha e prepara um café forte para nós. Ela me olha algumas vezes e sorri sem mostrar os dentes. Se eu não tivesse agido com estupidez com Sabrina, seria eu que tinha ido buscar Nicole sem problemas, mas só ouvir o nome Marcos, me deu um ódio sobrehumano. Ele estava sempre entre eu e ela, e não consigo dizer o que eu quero. Agora eu estou perdido, eu nunca mais a veria, nunca mais sentiria o seu perfume natural. Eu sou mesmo um idiota.

Minha mãe se senta e me entrega uma xícara de café e continuo a olhar para qualquer ponto daquela mesa de mármore.

- Gabriel, me explica isso direitinho. - pediu ela.

Eu respiro fundo e levo alguns segundos para iniciar meu relato. Quando comecei ela pareceu estar atenta e e uma boa ouvinte, sem nenhuma expressão significativa que me deixasse sem graça, ela me encorajava apenas de ouvir a minha história, é diferente do que conversar com Henrique ou meu pai, eles não entenderiam e iam me zombar de mim.

Eu já sinto a falta dela, sinto falta da sua confiança, do seu sorriso. Será que eu estou ficando louco? Eu sinto que estou enlouquecendo, nem de longe, agora eu sinto aquela raiva que senti mais cedo, sinto desalento, tristeza e isolamento. Me sinto vazio, me sinto sozinho e acabado, não tenho motivos para continuar ou para prosseguir, eu perdi a Sabrina e parece que foi pra sempre.

Ela não vai me dar outra chance, se eu for até ela, é capaz dela me expulsar e me xingar, e com razão. Depois do que eu fiz até eu não gostaria de me ver outra vez. Quando eu terminei de contar toda a história, ela bebia delicadamente seu café e me olhava, aquele olhar que deixa você sem saída.

- Sabe que você foi injusto com ela? - pergunta ela.

- Sim, mas só me dei conta depois que já tinha falado merda.

- Olha o palavrão. - repreende ela. - Mas antes de você achar que gosta dela, ela já tinha relacionamento com este menino, você não pode cobrar dela...

- Eu sei, mas eu quero...quero ela...quero estar no lugar dele!

- Desse jeito você não vai conseguir, Gabriel.
Você tem que mostrar pra ela, que sempre que ela precisar você vai estar com ela.

- Mas mãe...

- Enquanto você brigar com ela, não vai adiantar, só vai afastar ela de você.

- Isso não é mais um problema, ela já fez isso...

- Porque você foi um idiota com ela, o amor filho - ela se ajeita na cadeira e segura minha mão. - o amor é o bem mais precioso que existe, muitas pessoas dizem que ele machuca, não. As pessoas se machucam pelas escolhas erradas que fazem. O amor é bonito, consciente, e especial...

- Mas eu fico com raiva...

- Eu sei mais pense no sofrimento dela, procure dá espaço a ela.

- Eu a quero, mãe...

- Eu sei, mas agora você tem que consertar as coisas...

Assinto e ela beija o alto da minha cabeça e alisa meus cabelos, me sinto tão leve agora.

****

Passado algumas horas, eu estou em meu quarto pensativo. As palavras da minha mãe causaram efeito em mim, eu não sou mais o Gabriel de outrora, eu sou uma pessoa diferente e graças a Sabrina. Ela acabou de um jeito me mudando, mas para algo muito bom. Ficar sem ela era torturador, é como um castigo severo. Não aguento pensar na idéia que vou ficar sem ela, que amanhã não vou vê-la mais, que nunca mais vou sentir a maciez de seus lábios nos meus, sua respiração desritmada e seu coração batendo em ritmo com o meu, ela é perfeita para mim, mesmo gostando do Nirvana.

Ela é minha garota-Nirvana, Marcos não vai ganhar essa de jeito nenhum, pego meu celular na gaveta do criado-mudo e disco o número da Sabrina, chama cinco vezes e desligo. Estou começando a ficar nervoso, por alguma razão estranha, meu coração bate descompassado e sinto borboletas no pé do estômago, tento mais uma vez. Uma voz masculina atende e espero dois segundos antes de dalar qualquer coisa.

- Eu posso falar com a Sabrina?  - pergunto.

- Ela está no banho, quer ligar mais tarde?

- Não. - digo. - É o Marcos?

- Sim.

- Você pode me encontrar, precisamos conversar.

- Sim, onde?

- Onde você achar melhor.

- Na Lanchonete shinshau's, pode ser?

- Beleza.

Desligo o celular, eu vou resolver e saber qual é a dele de fato. Qual a intenção de verdade dele com ela, mesmo o tempo não consegui desfazer daquela sensação ruim, estão usando a Sabrina contra mim.

Advogado Sedutor - Livro 2 (Repostagem)Onde histórias criam vida. Descubra agora