Capítulo 53 - Parte 2

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Gabriel

Pego meu celular em meu bolso e ligo para João Miguel que não atende. Um acessor da promotoria passou neste exato momento e me apresso em lhe chamar a atenção.

- Desculpe, mas hoje não iria ter uma audiência nesta sala? - pergunto.

O senhor de cabelos ralos e brancos nega com a cabeça, se ele está confuso imagina eu.

- Tudo bem, obrigado.

Ele segue seu caminho e olho para Ylana que sorri de um jeito forçado e rolo os olhos.

- Acho que confundi os dias.

- Pode ser...advogado.

Olho para ela de rabo de olho e sigo direto para minha sala. Não tinha mais o que fazer aqui. Arrumo minhas coisas e jogo uma mochila por cima dos ombros e minhas pasta na mão direita.

- Está liberada esta tarde, srta. Martielly. Bom descanso.

- Obrigada...advogato.

- Srta. Martielly eu sou comprometido, então permita-me pedir respeito de sua parte.

Ela apenas sorri e vai para sua sala pegar suas coisas. Tranco a minha porta e desço com Ylana até o solo. A vejo entrar em seu táxi e vou para o estacionamento pegar meu carro. Entro e dou partida no mesmo.

*****

Sabrina

Faltava pouco tempo agora, a casa estava lotada de convidados, Clara estava devidamente vestida, parecia até outra pessoa. Renata emprestou um dos seus vestidos que caiu bem nela, o vestido bronze ressaltou o tom moreno de sua pele e a deixou ao mesmo tempo comportada e sensual. Ronaldo acabara de chegar às pressas de suas viagem e não parava de olhar para ela. O que me fez rir.

Pedi a todos que procurassem algum lugar para se esconder até ele chegar. Obviamente ele já deve ter percebido que não haveria audiência nenhuma, foi uma maneira de prendê-lo lá. João Miguel ficou nervoso quando ele ligou, mas foi firme.

Apagamos todas as luzes e o que nos restava agora era esperar.

****

Gabriel

Para facilitar a minha vida nada difícil hoje, está um trânsito de matar no Centro da Cidade. Aquilo me deixava muito irritado, eu mal dava partida com o carro e logo tinha que parar, não adiantava nem trocar de faixa, estava tudo parado. O tom arroxeado no céu já assumia seu posto indicando que a noite se aproximava. Eu estava entorpecido e irritado.

Como fui idiota de confundir o dia da audiência? Nunca fiz isso, mas passar noites em claro, preocupado com os bebês e a Sabrina me deixaram paranóico. Ela dormia tão perfeitamente que acho que a preocupação era inteiramente minha. Havia um ônibus a minha frente o que só complicava a minha situação. Quando ele deu uma partida lenta, esperei que se afastasse enquanto os outros atrás de mim, buzinando desesperadamente. Dei partida ao ver um espaço razoável e logo o ônibus parou de novo.

Pego meu celular e vai dar seis da tarde, Sabrina deve estar uma pilha e me culpo por isso, porque ela não pode nem sequer pensar em ter um estresse emocional desse jeito, isso podia prejudicar os bebês. Fico tentando imaginar seus rostinhos. Um amor que cresce a cada dia, esperando ansioso para carregá-los no colo. Um amor puro e forte, que até sufoca. Imagino como meu pai deve ter ficado quando soube da gravidez de André, seu primogênito.

Minha reação seria algo inumano, acho que eu faria o que um homem não faz, ficar todo molengo, chorão, desmaiar. Sabrina iria zombar de mim o tempo todo. Mas eu os amo, mas do que tudo na minha vida, os coloquei em primeiro lugar na minha vida. São minha prioridade, em tudo.

***

Um pouco mais tarde o trânsito havia aliviado o processo mas ainda continua lento como sempre. Pego meu celular novamente e disco o número de Sabrina. Ela também não atende, tento ligar duas, três vezes e continua a não atender. Meu coração se acelera, o que está acontecendo? Será que houve alguma coisa com ela? Eu nunca iria me perdoar.

Bati no volante nervoso e fiz uma curva para pegar a saída para rodovia. Meu coração estava disparado e angustiado, entro numa rua vazia e sigo até meu destino.

***

Já havia escurecido quando chego a casa dos meus pais. Estranhei tudo estar apagado até o quarto de meus pais. Eu só iria tomar uma banho caprichado e me arrumar para ver minha garota-nirvana. Eu não perdia tempo nenhum com ela, adorava tê-la ao meu lado. Corro para a porta, apesar de na minha cabeça passar tudo em câmera lenta, eu achava que estava chegando lá. Estou cego de amor pela minha família que estava se construindo.

Subo os degraus e me sinto ofegante e logo minha respiração se estabiliza. Pego a chave e giro a maçaneta, entro numa escuridão total e tateei até o interruptor mesmo sem saber exatamente onde ele fica. Arrasto minhas mãos nas paredes e nada. Suspiro. Fui para o outro lado e mais alguns passos e acho o maldito interruptor. Quando acendo a luz, um monte de cabeças surgem em todas as direções, há buzinas e muita gritaria que era para qualquer um ter um enfarte.

Ando para trás com a mão no peito e vejo todos rirem com cones de aniversário na cabeça. Sabrina se aproximou de mim com um sorriso aberto.

- Feliz aniversário, amor! - diz ela, docemente.

- O-o que está acontecendo? - pergunto.

- Ora, é seu aniversário Gabriel. Não achou que a gente esqueceria?

- M-meu aniversário?

Alícia deu um passo a frente da pequena multidão e olhou-me furiosa.

- Já se esqueceu do seu aniversário?

- Acho que sim, talvez porque uma audiência não aconteceu hoje...

Uma risada do fundo chamou minha atenção.

- Sua namorada me convenceu a fazer isto, desculpe. - diz João Miguel.

É a primeira vez que vejo dr. João Miguel sorrir, ou melhor, rir. Eu estava nostálgico. Nunca tive uma recepção tão maravilhosa como essa, só podia ser coisa de Sabrina.

Advogado Sedutor - Livro 2 (Repostagem)Onde histórias criam vida. Descubra agora