Capítulo 52

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Gabriel

Agora tinha um motivo para me prender a ela. Eu daria tudo a eles, daria tudo pela minha família. Meu coração saltita, faz festa em meu peito. O médico e a enfermeira ficaram calados. Eu estou apreciando um momento único, uma sensação e felicidade sem igual. Meu coração está derretendo, me sinto indefeso, mas não corro perigo. A enfermeira estica a mão e pega papel-toalha e limpa o gel na barriga de Sabrina.

Agora eu tenho motivos para viver e sorrir, iria cuidar deles como meu pai fez conosco. André, eu e Henrique, fomos criados entre disciplina e amor, mas meu pai, sempre deixou claro que quando temos uma família, nosso dever é cuidar, educar, ser pai e marido quando se deve ser. É a obrigação do homem, isso ele tinha razão e nós absorvemos isso para nós.

André seria pai com as mesmas convicções, com mesmos ensinamentos, com o mesmo foco. Aos 26 anos, quase 27 eu estou conhecendo um mundo novo. Um mundo que agora, eu tenho que construir e levantar seus alicerces.

Olho para Sabrina que estica sua mão para mim, sem hesitar caminho em sua direção e seguro sua mão.

- Teremos dois filhos...- sua voz ecoa fraca e chorosa.

- Sabrina, obrigado. Isso é mais um demonstrativo que devemos ficar juntos...

- Sobre isso...

- Sabrina, como vou viver sem vocês? Tenho que ficar do seu lado, quero cuidar de vocês. Não me negue isso.

O médico arranha a garganta e olho para ele.

- Devemos marcar o pré-natal, normalmente uma gravidez dupla requer cuidados especiais e sendo o mais rápido possível, melhor. - anuncia ele.

Assinto para ele que sai da sala nos deixando com a enfermeira de meia idade. Ela se levantou e foi para o outro lado da sala e fiquei a sós com Sabrina.

Ela suspira e olha para mim, seu sorriso acabou perdendo brilho.

- Gabriel, a gente nunca vai dar certo, tem a Leona, tem essa Caroline...- ela entorta a boca. - Eu não sei, não quero viver assim...

Meu coração novamente se aperta.

- Sabrina, a gente pode dar certo sim, você é a única que me repele neste momento. Com Leona não há mais preocupação e Caroline, bem, tenho que contar uma coisa sobre isso...

Ela franze as sobrancelhas e eu dou um longo suspiro.

- Antes de o caso de Leona vir parar em minhas mãos, eu cuidava do caso do pai da Caroline. Ele havia cometido um roubo onde trabalhava e o caso veio parar em minhas mãos.  Eu não dei importância porque quem comete crimes, tem que ser punidos. - dou uma pausa e prossigo. - Mas ele me propôs um cachê, o que significa em outra língua suborno, eu não aceitei. Mas eu era louco para capturar umas bocetas, vencer a disputa com meu irmão. Então, um dia ele apareceu no escritório com a Caroline, eu não queria nada mais do que foder ela, mas ela era chata. Não fez o que eu queria até eu terminar tudo.

- Mas você namorou com ela, isso significa que...

- Não significa nada, porque o pai dela me ameaçava em contar para João Miguel, que aceitei suborno para poder ficar com a filha dele.

Ela está boquiaberta.

- E ele está o ameaçando agora? -pergunta ela.

- Não. Mas se ele contar, não me importa, eu dou meu jeito, abro meu próprio escritório, e faço alguma coisa. Mas eu não sou mais o Gabriel de antes, eu mudei.

Ela sorriu e se levanta, seguro suas mãos para ajudar.

- Tenho que admitir que sua vida foi mais interessante que a minha. - ela ri.

- Bom, em certo modo...

- Gabriel, acho que mesmo assim...

Abaixo minha cabeça e sinto os braços dela me envolver.

- Acho que mesmo assim, eu posso suportar a disputa. Mas eu é que estou com você e não elas.

Sorrio.

- Obrigado, meu amor. Eu te amo!

- Eu também amo você, Farcoland.

- Garota-Nirvana.

- Vou me vestir.

Assinto e ela vai para atrás de uma lona verde e leva uns 20 minutos para se arrumar e alisa a barriga ainda pequena.

- Vocês são agora parte de mim. - ela diz sorrindo abertamente.

- E vocês a minha também...

Saímos da sala e fomos para a sala de espera onde todos estavam agoniados. Mal entramos e todos já nos rondavam, Laura me abraçou e retribui. E todos já nos abraçavam e desejava felicidades. A mãe de Sabrina, parece ter levado um choque. Ela nos olhava com lágrimas nos olhos, quando o médico tornou a nos chamar.

****

Quando chegamos em casa pelo fim da tarde, meus pais decidiram pedir uma pizza tamanho família.  Deixo Sabrina com Laila elas pareciam mais íntimas, talvez seja pela gravidez de ambas. André juntou-se a mim na pequena varanda da sala, onde todos felizardos comemoravam.

- Pois é, nossa família está crescendo. - comenta André.

- É. Eu nunca me imaginei sendo pai, ainda mais de gêmeos. - admito.

- Nem imaginava que ia ter uma garota para te pôr no seu devido lugar, não é?

- Sim. Eu quero viver isso agora.

- Eu sei, te entendo como ninguém. Foi assim comigo e Laila. Até eu perceber que não podia mais respirar sem ela.

- Já sabem o sexo?

- É um menino.

- Legal, espero ter um casal, o que vier está de bom tamanho.

André riu.

- Henrique é o mais improvável de formar uma família. - digo

- Eu sei. Olha como ele se isola quando temos momentos assim...

Henrique está sentado no gramado abraçando seus joelhos. Ele se sente sozinho agora, pois eu vivia com ele pelas baladas da vida. Me sinto mal, por deixá-lo sozinho. Mas tenho certeza, que um dia ele vai encontrar alguém que o faça mudar, como eu e André mudamos. Esta vida não valia a pena, mas para Henrique era a única que existia.

- Devemos nos aproximar? - pergunto ao André.

- Deixe ele, talvez também só queira ficar só.

- É.

Advogado Sedutor - Livro 2 (Repostagem)Onde histórias criam vida. Descubra agora