Capítulo 46

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Gabriel

Fecho a porta lentamente, me sinto desapontado com meus pais, não por chegarem são e salvos. Mas, por mim não sentir alegria de vê-los chegar felizes, como se eu não tivesse sentido saudades. Uma parte de mim se preenche, mas o outro lado está vazio e despedaçado. Por que amar alguém dói tanto? Nem por Leona senti isso. É muito doloroso. Minha mãe retira o casaco grosso de pele e me olhar com a testa franzida.

- O que houve Gabriel? - pergunta ela.

- Nada, vou para o quarto, ver se durmo. - digo rapidamente.

- Querendo fugir desta conversa novamente né mocinho?

De certa forma, ela está corretíssima. Eu quero fugir, não quero bancar uma criança que perdeu o urso de pelúcia e está fazendo drama para tê-lo de volta ou para fanahar outro idêntico. Mas dessa vez ela não vai me deixar em paz, Alícia não é assim. Quando tem algo em mente é difícil tirar aquilo da cabeça, é uma reação natural de auto controle, ou algo assim. Meu pai parou o que estava fazendo e também me analisou, diferente de mim e da Alícia ele parecia não entender nada.

Minha mãe se aproxima sem pestanejar e toca em meu ombro. Seu sorriso doce faz que a ânsia de choro volte de novo. Desabo e ela me abraça, meu pai se aproxima de nós e nos abraça fortemente. Fungo uma, duas, três vezes e me desvencilho do abraço deles.

- Sabrina? - pergunta minha mãe, como se fosse uma vidente ou isso está bem estampado na minha cara.

Assinto veemente e limpo o rosto.

- Por que não liga para ela e tenta se explicar? - sugere meu pai.

- Ela não vai acreditar, mesmo que Leona tenha feito algo bom da vida dela, Sabrina não irá voltar atrás... - digo, a voz carregada de choro.

Tenho que me controlar.

- Essa mulher queria o quê com você? Ela está sempre infernizando essa maluca família...- exaspera meu pai.

- João Carlos! Controle-se. - ordena minha mãe.

- Alícia, estou sendo franco, apesar do nome que carregamos que chegou ao topo, somos malucos. Primeiro meus filhos se rebelam, um se transforma num bicho e desaparece da família enquanto os outros vão para gandaia, ai ele resolve se casar e me dar um neto e outro começa a se apaixonar e o outro só quer saber de encher a cara! - ele abre os braços exasperado. - Uma família bem louca não acha?

- João Carlos Monteiro Farcoland...- minha mãe diz séria. - Não somos nenhuma família maluca e nossos filhos passaram por problemas emocionais, trate de entender suas dores, você mais do que ninguém devia apoia-los.

- Eu apoio. Só estou cansado de vê-los sofrer.

Meu pai se retira furioso, a irritação está visível em meu rosto. É por isso, que nem em uma opção é bom falar com os pais. Eles o amam e vão ficar do seu lado de um jeito ou de outro, não importa se você vai ou não precisar disto, mas eles vão estar lá. Mas eu não tenho ninguém. Não tenho tantos amigos, porque meu trabalho não permite, a maioria quer me matar ou se vingar de mim.

Minha mãe segura a minha mão e me conduz amorosamente e me coloca sentado no sofá.

- Me explica para mamãe o que está acontecendo. - pede ela.

Dou um forte e longo suspiro, seus olhos me perscrutam atentamente. Ela está esperando pela explicação. Os ombros estão relaxados e ela não tem nenh7ma linha de expressão de cansaço. Ela está pronta para ouvir minha lamúria. Tento pestanejar, mas ela ignora. Ela não ia me deixar sair dali, enquanto eu não falasse, Alícia pode ser tão insistente quanto a um rato que tenta sofreguidamente comer um pedaço de queijo esmigalhado no chão da cozinha, de uma senhora rabugenta qualquer.

- Tenho todo o tempo para estar aqui, é só você falar. - afirma ela.

Meu pai deve estar trancado no banheiro tomando banho antes de se deitar. O vento torrente entra pelas frestas da janela aberta, e a chuva ressoa junto a relâmpagos e trovões, uma tempestade típica de um país tropical como este.

- Leona disse que eu estava bêbado quando me encontrou e me levou em acasa. Você sabe dessa história...

- Sim, quero saber o que há de errado com você. E não do que houve.

- Sinto a falta dela. - digo com franqueza. - Eu sei que isso parece idiotice ainda mais para o homem, mas porra, ela é tão impulsiva, faz tudo que dá na telha. Ela não esperou nem mesmo eu me explicar!

- Entendo, mas filho se ela lhe viu pelado debaixo das cobertas e com Leona em sua cozinha, provavelmente não vai acreditar em nada do que você dissesse...

- Sim, mas Leona filmou e disse que foi embora em seguida e voltou pela manhã quando elas se encontraram. Ela a provocou e deu tudo errado. Leona disse que foi falar com ela, e está com o celular de Leona e quero ligar mas tenho medo...

- Até a Leona conseguiu me surpreender agora. Ela fez mesmo isso?

- Diz ela que sim...

- Então vamos tirar a prova!

- Mãe, por favor...

- Vamos, Gabriel!

Arqueio uma sobrancelha e um fraco sorriso nasce no canto da boca. Subo para o meu quarto e pego meu celular e volto para a sala em instantes. Meu coração já batia descompassado dentro do peito. Entrego meu celular a ela, logo ela disca o número de Leona que está salvo no celular.

Ela coloca no viva-voz e indica para que eu fique calado enquanto elas conversam. Assinto como um escoteiro.

O celular chama umas cinco vezes até que ela atende:

- A...alô?

- Sabrina! Que bom ouvir sua voz, está devendo uma visita aqui em casa...

- Dona Alícia...como...é...

- Chega de mimimi, quero você amanhã aqui para um almoço...

- Mas Dona Alícia...

- Sem mas, e me chame apenas de Alícia!

- Tudo bem...é...não estou entendendo...por que...

-Explico tudo amanhã!

Minha mãe desliga e estou boquiaberto com isso. Minha mãe sorri vencida.

Que merda ela acabou de fazer?

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Advogado Sedutor - Livro 2 (Repostagem)Onde histórias criam vida. Descubra agora