fourteen

62 6 0
                                    

Pessoas boas terão pessoas boas ao seu redor.

            Pessoas amadas amam pessoas.
            Pessoas alegres alegram pessoas.
            Pessoas mudadas mudam pessoas.
            Quem você é interfere diretamente em quem está ao seu redor.

O Marcelo parecia confuso. Claramente perdido.

            Alguns meses depois que nos conhecemos, tivemos uma briga bem feia, e ele saiu espalhando coisas minhas que eu tinha confiado somente a uma pessoa, até então: ele.

            Quando as pessoas ficaram praticamente dentro de mim, meu interior que era meu único refúgio, passou a não ser só meu. Foi uma péssima época para mim.

            Eu não sabia dizer o que sentia, só sabia que doía. E não era uma dorzinha dessas qualquer, não, viu? Era uma dor paralisante, uma dor que te prende ao acaso. Ao infeliz acaso de se confiar numa pessoa.

            Confiança é conquistada. A gente sente quando está na hora de ser mais sincera sobre aquilo que você guarda aí dentro com alguém. E abrir a alma é a tarefa mais difícil de qualquer laço afetivo. No entanto, é algo bonito. É bonito saber coisas de uma pessoa que apenas você sabe. É bonito ver que essa pessoa se importa o bastante com você para te revelar a alma. 

            Mas, como em qualquer outra coisa, algumas pessoas são mais maduras do que outras.

            [Eu estava tão a flor-da-pele que acabei murchando. ]

Um dia depois do meu showzinho no palco da escola, o Marcelo não sabia como me olhar.
Ele claramente se sentiu culpado por ser o culpado da pior época escolar da minha vida. O que era justo.

            - OLÁ, NOVA GAROTA DILEMA!

            Alice senta na mesa do refeitório, tirando minha atenção do sujeito "homão da porra que não assume os próprios erros."

            - Então é assim que estão falando de mim? - dou um abraço nela.

            - Pois é. - ela ri. - Graças a você, muitas pessoas procuraram o diretor de ontem para hoje!

            - Pra falar sobre aquilo?

            - YEAAAH! Elas se sentiram abraçadas por você, se sentiram bem por ver que não são as únicas. Você fez muito bem à elas.

            Eu dou um sorriso, sem saber o que dizer.

            - Muito obrigada, Alice. Mesmo.

            - De nada. Alguma novidade?

            - Marcelo estava me olhando. Acho que meu discursinho afetou alguém!!!

            Damos uma gargalhada.

            - Ah, que ótimo! Estou orgulhosa da minha garota.

            - Ownn.


Estava começando a me irritar com ele, quando de repente ele se virou para mim na aula de português e disparou a falar.

            - Ayra, me desculpa. Eu não aguentava mais te ver daquele jeito, só não sabia o que fazer. Eu sei, eu sei que é tudo culpa minha. Mas eu amo você, porra, eu me importo demais com você. - ele parou para respirar. - Ontem, eu fiquei feliz demais por ver o quanto você estava diferente, sabe? Mais mudada, mais madura. E eu fiquei tão orgulhoso de você, cara. - ele sorriu. - Mas eu me senti culpado hoje pela manhã ao lembrar de que fui eu.

Menina, maré.Onde histórias criam vida. Descubra agora