fifty five

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você está linda, filha.

            dou um sorriso diante do resultado em frente ao espelho. minha mãe e eu havíamos passado a tarde inteira me arrumando para o baile da minha escola que começava as 22h.

            o meu vestido era branco, acinturado e rodado. era tomara-que-caia e o decote favorecia o pouco de peito que eu tinha. hidratei os cabelos naquele dia, raspei a perna e fiz as unhas. em nenhum momento parei de pensar em como seria se Alice estivesse ali. teria sido a nossa tarde...

eu sentia falta dela.

            — seu pai vai levar você até à escola. — minha mãe diz. — se divirta, docinho! sorria bastante e tire fotos...

            concordo com um sorriso no rosto e saio pela porta de casa. no caminho, vejo que Lucas havia me mandado mensagem.

            Lucas: "você vai estar em casa que horas?" 

            Lucas: "droga, o baile é hoje, né?"

            Lucas: "eu preciso ver você, Amora."

            marco as mensagens como não lidas e guardo o celular no bojo do vestido. eu o amava, mas eu não podia arruinar a minha noite.

            — boa festa, querida. — meu pai diz, quando estacionamos em frente à minha escola.

            fico parada dentro do carro por um tempo, olhando pela janela as meninas com seus pares, todas princesinhas.

            — estou com medo pai. quero ir para casa. não foi uma boa ideia...

            — o que foi, querida? você não pode voltar agora. você está fantástica!

            dou um sorriso para ele.

            — quer que eu entre com você? — ele pergunta.

            olho para ele e vejo que estava me analisando. assenti com a cabeça.

      
meu pai deu a volta no carro e abriu a minha porta. antes de descer, olho para ele, apavorizada.

            — você consegue. — ele diz, baixinho.

            seguro na mão dele e entro pela porta do ginásio.

            Marcelo estava em uma mesa com os meninos. (Benjamin, Rafael e Miguel.) quando perceberam a minha expressão perdida, todos voltaram os pescoços para mim. incluindo o Rafa.

            quando percebi, o ginásio inteiro estava me olhando.

            — por favor, me diga que eles estão olhando para você, pai. — cochicho.

            meu pai da uma risadinha e beija a minha testa.

            — fique tranquila e aproveite a festa, xuxuzinho. o pai já vai.

            — okay, pai. eu amo você.

            ele da uma piscadinha e sai pela porta de trás do ginásio, me deixando sozinha com os olhares pesados em cima de mim.

            aceno para o Marcelo e ele sorri, me chamando para sentar com eles.

            — você está maravilhosa. — ele diz, quando me vê de perto.

            balanço a cabeça.

            — nem me diga...

            ele da uma gargalhada.

Menina, maré.Onde histórias criam vida. Descubra agora