Ele me puxa para perto, segurando minha cintura. Olha nos meus olhos e prestamos atenção na música que estava tocando.
— Como eu pude errar? Deixar ela escapar?
Ele da um sorriso triste, abaixa a cabeça e beija o meu ombro.E aí eu acordo sendo sacudida bruscamente pela minha mãe.
— SOL!!! OLHA QUE HORAS SÃO, GAROTA, LEVANTA DAÍ E SE ARRUMA PRA AULA!!!
Okay. Foi um belo sonho.
Assumimos um termo para me ajudar a tentar seguir em frente.
Criei uma distância respeitada pelo Rafa. Apaguei ele com as minhas mãos e prometi buscar o melhor para mim. Embora fosse difícil saber o que era.Virei noites lendo textos cruéis demais e o via em cada linha. Escrevi vários textos sem fim sobre nós e os li várias vezes buscando uma forma de finalizá-los, pois não desejo mais nada que me lembre dele, inacabado na minha vida. Tenho tentado ser forte. Desde que ele se foi, não há um dia que eu não ouça qualquer coisa com esse aperto no peito.
Aquilo que ele me dava e que mais me machucava, hoje faz parte da minha rotina: o silêncio. Ontem, novamente tentei a liberdade de jogar fora o anel improvisado que nós fizemos. Nem busquei olhar o destino que ele teria...
Ontem eu cai. Eu chorei. Mais uma vez, eu me abracei. Tentei buscar abrigo em mim mesma para me acalmar, enquanto em silêncio sentia essa dor de não saber mais o que fazer.
Não o vejo mais. Mas aqui comigo, ele ainda insiste em ficar. E dói.
Como sobreviver ao fim:
1 - Ouça todas as músicas de amor, melosas e tristes o possível.
2 - Sinta, sinta, sinta! Deixe a dor te preencher e depois jogue ela fora.
3 - Reviva todas as músicas e pergunte todos os porquês de ter acabado.
4 - Guarde os CD's, fotos e souvenirs numa caixa empoeirada.
5 - Veja seu próprio reflexo sozinho no espelho como uma lembrança de que alguém já esteve lá.
6 - Alguém não está mais lá, nem aqui, nem cá. Aceite.
7 - Você sobreviveu. Você sobrevive.
8 - É o fim.
Se levanta e sacode a poeira, foi o que eu disse para mim mesma. Porque ele já havia partido muito antes de dizer adeus.
— Bom, turma — a professora de Física diz. — Hoje vamos falar de velocidade. Mais especificamente, ano-luz.
— Professora? — chamo. — E o trabalho de semana passada? A apresentação é hoje, né?
— Claro, claro, Marchesini. Podem juntar os grupos.
Olho para o Benjamin. Ele dá uma piscadela e caminha em minha direção.
Antes que vocês se perguntem, Benjamin era um amigo novo que eu fiz na sala. Apesar de colegas de turma à 4 anos, não tínhamos uma relação de intimidade que nos forçasse a sair do "Oi, tudo bem?". Eu nunca tinha percebido o quão interessante ele era. E era gato, concordemos.
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Menina, maré.
RomanceEstar perdida nem sempre é sinônimo de adolescência. A vida fica um pouquinho mais difícil quando temos que lidar com nossos sentimentos e com os sentimentos alheios. Essa é a minha história. Se você também anda meio machucado (a) com algo, saiba q...