— que horas são?
— faltam 6 minutos pra 00:00, Amora.
— estou com um pouco de sono.
— se quiser, pode tentar dormir. caso não consiga, pode me ligar de novo. estou com uma insônia fodida. — Lucas diz.
— eu sei como é. você está bem?
— estou sim. eu posso ver você amanhã?
— eu tenho aula, senhorito. — digo, meio triste.
fazia menos de uma semana que eu havia saído com o Lucas, mas eu já sentia uma saudade danada.
eu queria vê-lo. queria muito.
— poxa. — ele responde, com voz triste.
— e você? vai faltar de novo?
a linha fica muda por um tempo.
— meia-noite, Ayra.
— meia-noite, Lucas.
deslizo a tela de bloqueio do celular e vejo que eram exatas 00:00. fazia tempos em que eu não fazia o clichê pedido da meia-noite. mas desde que o Lucas passou a me ligar antes de dormir, eu estava gostando de pedir as coisas aos deuses e à todas as coisas superiores deste mundo.
— tomara que a gente possa se ver logo... — ele fala.
— nós vamos. eu prometo.
— você já sentiu medo? mas, medo de verdade. sem ser essas coisas que mulheres sentem por baratas.
dou uma gargalhada.
— mulheres tem medo de baratas porque são pragas nojentas, o que já é dito na bíblia. e porque gostam de colocar ovos em vaginas. mas, respondendo a tua pergunta, eu já senti medo sim.
— eca, meu Deus! agora até eu tenho um sentimento parecido por baratas. — ele responde, e posso imaginar um sorriso bobo em seus lábios.
— pois é, meu garoto. e você? já sentiu medo? — eu pergunto.
— eu estou com medo agora, Amora. mas não quero parecer vulnerável para você. nem para ninguém.
— do que é que você está com medo?
— eu estou acostumado a perder pessoas. eu não quero perder você. sinto que você é diferente das pessoas que conheci e não quero estragar isso te contando meu medo. por isso eu o guardo pra mim. na hora certa, você irá saber. prometo.
— promessa é dívida.
— promessa é dívida.
— não vou pressionar você, Lucas. sei que deve ter seus motivos para não me contar tudo agora, e eu respeito isso. apenas... conte comigo. quando quiser me falar, estarei pronta para ouvir.
— eu queria mais tempo...
— todos nós queríamos mais tempo, Lucas.
ele da uma risada abafada.
— eu queria mais tempo do que vocês.
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Menina, maré.
RomanceEstar perdida nem sempre é sinônimo de adolescência. A vida fica um pouquinho mais difícil quando temos que lidar com nossos sentimentos e com os sentimentos alheios. Essa é a minha história. Se você também anda meio machucado (a) com algo, saiba q...