Sempre que se sentir triste, coloque um funk no último volume. É isso. Bem-vindos.
Meu nome é Ayra. Ayra do latim Ayisa. Ou Sol. Mas pode me chamar de Ay. Eu tenho cabelos castanhos claros. Meus olhos são breu, mas no sol ficam cor de mel. O tamanho dos meus olhos é desproporcional ao tamanho do meu rosto. São grandes e redondos. Interrogativos e duvidosos. Eu gosto de filmes de terror e adoro comédia. Não gosto de pão e sou apaixonada por paçoca. Eu gosto de pizza também, e de Coca Zero. A minha cor favorita é amarelo. Tenho 1,64 de pura lerdeza. Gosto de livros e textos que machucam e me trazem lembranças ruins. Percebo neles que,
a) o sofrimento nos faz amadurecer.b) o sofrimento nos faz maiores do que o que o causou.
c) o sofrimento é necessário e passa.
Gosto de pensar assim. Também choro muito, vai por mim. Penso em desistir inúmeras vezes quando sofro uma decepção muito grande. Mas a vida te mostra que tudo nela é transitório; seja felicidade ou tristeza. Saiba cair também.
O sinal da aula de Geografia bate. Agora tínhamos Matemática na sala 4, no andar de baixo.
— Onde você vai, Sol? Temos matemática agora! — Alice me chama, quando me vê indo na direção contrária da escada.
— Tenho que ir no banheiro, Lice. Guarde o meu lugar, por favor.
Ela dá uma piscadinha e desce as escadas. Entro no banheiro e arrumo os cabelos na frente do espelho.
— Mas e ela? — ouço uma voz feminina dizer, seguida de uma risada.
Depois ouço barulhos de beijos. Orra, quem era o DOIDO que estava trocando uns amassos embaixo da escada da escola?
Ando até a primeira parede com visão para a escada na pontinha dos pés. Sinto meu coração bater gelado e apressado. Tenho um arrepio e descanso as mãos lentamente no perna.
— Deixe ela para lá. — Rafael diz, rindo. E dá mais beijos na Eliza.
A vida adora pregar peças na gente.
PUTA QUE PARIU, PUTA QUE PARIU. O que eu estava fazendo ali parada como uma idiota observando aquilo? Eu não merecia aquilo. Mas eu fiquei ali. Observei até o Rafael levantar os olhos e me notar estática.Ele para. Imóvel, tira as mãos da cintura da Eliza e me olha, tentando decifrar o que eu estava sentindo. Ela, no entanto, não havia notado a minha presença ainda. Estava de costas para mim.
— Você fez bem, sabia? A Ayra é tão sem graça... — ela fala, abraçando ele.
Saio dali. Ando rápido, subindo as escadas. Sinto meu sangue pulsar forte nas têmporas. Tudo girava. Rafael subiu as escadas correndo. Me puxa pelos braços bruscamente.
— Me solta. — falo, com nojo. — Agora.
Ele balança a cabeça negativamente e vai soltando meus braços lentamente.Tento subir as escadas novamente.
— Ayra. Vamos. Não fica assim. — ele fala, quando eu dou as costas.
Paro, mas não me viro.
— Você... — começo a dizer. Minha garganta falha. Sinto as lágrimas escorrendo. Eu era uma idiota. — Você a ama quando eu fecho a porta e saio sem mais demandas? Eu espero que sim, Rafael. Porque eu desisto de você. Desisto de me machucar por um pouco de amor. VOCÊ NÃO SABE AMAR, você é oco! Oco, Rafael. Você não sabe amar porque nunca foi amado. Eu juro, juro, eu queria tanto que você sentisse isso. Que sentisse amor. Mas você não pode. Não pode porque você é vazio.
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Menina, maré.
RomanceEstar perdida nem sempre é sinônimo de adolescência. A vida fica um pouquinho mais difícil quando temos que lidar com nossos sentimentos e com os sentimentos alheios. Essa é a minha história. Se você também anda meio machucado (a) com algo, saiba q...