thirty nine

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teu amor me entorpece. baby, eu quero te ter.
  
            às vezes eu tenho vontade de aparecer de surpresa na tua rua, porque eu lembro de como a vida era mais fácil do teu lado, Rafael. eu só espero que tu volte no fim. e caso não volte, não tem problema.

            o nosso caminho foi incrível, e eu espero que os próximos sejam mais ainda.

                                    Sol/Ay.


era sábado e eu ia no parque com uns amigos.

            vai ver a vida não passa de um vai-e-vem dos infernos que te arrasta e te solta na esquina mais pacata. 

            coloco meu vestido preto ciganinha com estampa de girassóis. agito o cabelo na frente do espelho e vou andando até o parque.

           — magrela! — Benjamin corre ao me ver, e me abraça até tirar meus pés do chão.

           — que saudade, cara! — aperto ele mais forte.

           Alice e Marcelo acenam para mim.

           — você está uma gatinha. — Marcelo diz, beijando minha bochecha.

           — da última vez que disse isso, entramos no pior  triângulo amoroso de todos os tempos. — eu falo, rindo.

           — nem me fale. — Marcelo responde.

            Alice ri. ela estava deitada num paninho forrado no Jardim II do parque, comendo morangos e ouvindo o Benjamin tocar violão. os dois cantavam alegres uma música de que sabiam.

           — bota esse anel de coco no teu dedo... — diziam, em uníssono.

            Marcelo me pega sorrindo para eles.

           — ei. você está tão bem. parece tão feliz.

            me viro para ele. Marcelo me encarava com um olhar sereno.

           — é porque eu estou. estou na melhor fase da minha vida, Ma. — dou um sorriso.

           — eu fico feliz demais por você, Sol.

           deito a cabeça no colo dele enquanto ele lia algumas obras de Fernando Sabino só para mim. de vez em quando eu soltava um sorriso e outro.

            aquela manhã estava ensolarada e silenciosa.

           — sabe no que eu estou pensando agora? — ele diz, fechando o livro.

           — em quê?

           — pessoas. esse cara... esse Sabino, ele fala sobre pessoas e sentimentos como se fossem coisas distintas. pensa comigo. uma pessoa não é digna de um sentimento, ou o sentimento não alcança a pessoa? 

            penso por alguns instantes e só dou um pequeno sorriso. Marcelo aperta a ponta do meu nariz. dou uma risada.

           — não estou apta à falar de sentimentos agora.

           — ainda, Sol?

           — acho que nem nos próximos meses...

           — você sente falta dele?

           dou de ombros.

           — só quando eu escrevo. e eu estou sempre escrevendo.

Menina, maré.Onde histórias criam vida. Descubra agora