— É hoje, Alice. Ele volta hoje!!!
15 dias depois, eu iria ver o Rafa. IRIA VÊ-LO!!! Ele estaria diferente, com certeza. Mas, eu cruzei os dedinhos pedindo para ele ser o meu Rafa. Meu Rafa um pouco menos frágil.
Quando o vi, no entanto, eu só consegui sorrir. Não consegui dizer as frases que havia ensaiado, nem pensar em uma daquelas músicas que selecionei mentalmente para a trilha sonora desse momento.
Ele me procura por entre as pessoas, não notando que eu estava o observando.
Apareço por trás dele, dando um beijo na sua bochecha e o abraçando. Foi como se só estivéssemos nós ali. Como senti saudade desse cheiro.
— Oi.
— Oi, linda. — ele diz. — Eu estava morrendo de saudades.
Estávamos recomeçando. E recomeços, AAAAA, são maravilhosos.
Tem alguns amores que são como passarinhos. Não adianta por numa jaula, a gente tem que deixar voar. Até que um dia ele volte e veja que: amor não é gaiola. Amor é lar.
Seus olhos vão encher um oceano inteiro, derramar tormentas e inundar lembranças até dissolver todas as fotografias e cartas, afogar todos os medos e palpitações, até por eles sair a essência, e chover por semanas.
Cada gota dessa chuva que cai agora tem um pedaço teu, molhando alguém que como você também precisa lavar as marcas que ainda ardem na pele. As manhãs irão começar a se acalmar, turbulentas em calmaria transcedental. Dos teus pulmões vai sair o vento que leva as folhas mortas e apaga os restos da estação. Cada grito vai ecoar como melodia para os ouvidos que precisam de paz. Porque já não há mais dor. Só poesia líquida que transborda dos seus lábios e colore o cinza de quem ainda não se encontrou.
Você é água. Você é o azul que pinta as coisas mais belas desse universo. Sorria.
Nós nos encontramos seguindo na maré contrária, Rafa.
— É tão engraçado isso, e um pouco desesperador. — eu digo, alguns dias mais tarde. Estávamos em um parque perto de casa.
Eu estava deitada no colo de Rafa, e ele estava fazendo carinho no meu cabelo. O olhar dele ainda era dele. Mas estava tão distante agora... Sua voz também estava diferente, mais madura, mais precisa.
Era o meu Rafa. O meu Rafa só menos frágil.
— O que é desesperador? — ele pergunta.
— Olha a paixão! Fazendo o ateu falar: "ai meu Deus." — respondo.
Ele sorri. Abaixa a cabeça e beija a minha testa.
— Olha ela aqui. — ele diz. — Me fazendo sorrir incansavelmente. Olha o que você está fazendo!
Dou uma risada curta. Ele me ergue do seu colo e me beija.
Ai, ai. Talvez eu realmente esteja apaixonada por você.
— Ei, gatinha. — Marcelo pisca para mim no dia seguinte.
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Menina, maré.
RomanceEstar perdida nem sempre é sinônimo de adolescência. A vida fica um pouquinho mais difícil quando temos que lidar com nossos sentimentos e com os sentimentos alheios. Essa é a minha história. Se você também anda meio machucado (a) com algo, saiba q...