a ida é dura porém clara: eu não sou boa em dar certo.
eu sempre achei impossível alguém entender minhas manias, admirar meus gostos e apreciar meus planos.
porque eu sou intensa, ácida e sarcástica. sou humana e meus vértices são agudos.
eu sou uma coisa vermelha e pontiaguda que ninguém nunca soube amar.
o dia da Luatudo doía. haviam minutos em que eu pensei que não fosse aguentar, e sempre haviam mais. ela já não pertencia mais a esse mundo, e uma boa parte minha também não.
Henrique correu em minha direção e nos abraçamos no chão do hospital enquanto os médicos desligavam os aparelhos que mantinham a minha Lua viva.
no dia seguinte nós comparecemos ao enterro. levei os girassóis que ela tanto gostava, e havia arrancado uma folha do Coragem das estrelas para ela.
ajoelho em frente ao túmulo.
— você não me disse que era assim, Lua. — digo. — é tão ruim morrer?
Alice me abraça por trás.
— sua mãe está no carro, amiga. ela disse que se você estiver pronta para ir... — ela diz, com voz gentil.
me levanto do chão.
— não queria que ela se sentisse sozinha. — eu falo, ainda olhando para o túmulo com o nome da minha bisavó.
— eu sei que não. você é um desses girassóis. ela nunca vai estar sozinha.
— eu tentei fazer de tudo, Alice. eu quis que aquela fosse a melhor noite da vida dela. não a última.
Alice segura minhas mãos, acariciando-as com o polegar.
— eu aposto que foi. — ela responde. — vou estar na salinha com o teu irmão. estou aqui com você, Sol. fica bem.
assenti com a cabeça e me ajoelhei novamente.
— não gosto do teu silêncio, bisa. sinto que vou passar a odiá-lo ainda mais.
dou um sorriso triste imaginando a resposta que ela daria... daria. pego um girassol daqueles e lasco um beijo. em seguida, o coloco novamente junto a pilha.
— eu não vou te dizer adeus e nem todas aquelas coisas clichês, embora eu seja a garota mais clichê do mundo. eu não vou te dizer adeus porque eu não posso. eu não quero viver sabendo que isso foi um adeus. — despejo as palavras molhadas de lágrimas. — eu nunca vou te esquecer. prometo fazer valer a pena. prometo ser a Sol que você queria. prometo ser forte. prometo, prometo, prometo.
enxugo algumas lágrimas, abaixo a cabeça e fecho os olhos. levanto alguns segundos depois, e vou em direção ao carro onde minha família me aguardava.
naquela noite eu não dormi. nem nas 3 noites depois disso.
— tampinha, o pessoal do facebook está preocupado com você. por que não responde eles, hein, hein? — Henrique me fala, fazendo cócegas em mim e me fazendo soltar algo parecido com uma risada.
eu não havia pegado no celular desde a noite que minha bisavó havia morrido.
— vamos, vai. você tá legal? — ele pergunta.
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Menina, maré.
RomanceEstar perdida nem sempre é sinônimo de adolescência. A vida fica um pouquinho mais difícil quando temos que lidar com nossos sentimentos e com os sentimentos alheios. Essa é a minha história. Se você também anda meio machucado (a) com algo, saiba q...