quem é o teu amor-cometa?
— com o que você estava sonhando?
Marcelo me coloca sentada em um banco com vista para a avenida, e o movimento dos carros quase me faz vomitar.
— eu... eu não lembro, Marcelo. — minto. — só foi... ruim.
ele assente com a cabeça, parado à minha frente com ar assustado.
— por quanto tempo eu dormi? — pergunto.
ele dá de ombros.
— pouco mais de 40 minutos. você começou a ter espasmos leves... alguns segundos antes de eu te acordar, você começou a me bater, gritando umas coisas... então eu te acordei.
— o que eu gritei?
ele parece hesitar em me falar.
— você... você disse: "não, Rafael!, volta, volta!"
enterro a cabeça nas mãos.
— foi tão ruim assim? — ele pergunta. — o teu sonho?
— é. não está na lista dos melhores.
ele dá uma risada curta.
— você não tira ele da cabeça nem enquanto está dormindo. haha. — Marcelo parecia estar levemente incomodado.
encaro ele.
— acha que eu pedi para sonhar com ele, Marcelo? acha que eu quero ficar trazendo a lembrança dele à minha memória?
Sim, digo mentalmente.
Marcelo balança a cabeça negativamente.
— você é um idiota. — desabafo.
— que? — ele diz, confuso.
— é. você. cara, eu acabei de te mostrar o quanto eu estou despedaçada e você diz como... como se eu quisesse isso. Marcelo, eu disse que estou me esforçando.
— bom, então se esforce mais. — ele diz, indiferente. — já vi você fazer coisas piores, coisas maiores.
balanço a cabeça.
— Ayra. você sabe que eu só quero o seu bem. eu faria de tudo por você. eu acredito no seu potencial. — ele fala, passando o braço pelos meus ombros.
descanso a cabeça nos ombros dele.
— tá sendo tão difícil eu me sentir feliz ultimamente. momentos como hoje, por exemplo. estão se tornando tão raros, Marcelo. — desabafo. — eu peguei pavor de algumas músicas, e desespero de alguns perfumes. escondi alguns livros, e guardei as cartas em uma caixa empoeirada. mas ainda dói tanto.
ele concorda com a cabeça.
— às vezes a vida nos quebra e a gente é obrigado a seguir em frente mesmo assim.
e seguir em frente mesmo estando em um caminho estreito e sem flores diz muito sobre quem nós somos. eu te admiro por seguir em frente mesmo estando quase que sem forças. e eu estou aqui caso a vida seja pesada demais para os teus ombros. eu divido o peso dela contigo. — Marcelo diz.
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Menina, maré.
عاطفيةEstar perdida nem sempre é sinônimo de adolescência. A vida fica um pouquinho mais difícil quando temos que lidar com nossos sentimentos e com os sentimentos alheios. Essa é a minha história. Se você também anda meio machucado (a) com algo, saiba q...