fifty one

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— ele pediu pra me ver, Benjamin. acha que eu devo ir?

            Benjamin dá de ombros, enquanto comemos uma porção de batatas fritas no intervalo da minha escola.

            — bom, por que não? — ele diz, dando uma beliscadinha na ponta do meu nariz.

            — considerando o fato de ele ter me visto uma vez na vida e ter me encontrado no facebook rápido demais...

           — acho que ele só está interessado nesse teu charminho. — ele responde, rindo.

            — charminho? ele me deu um baita de um susto no shopping! não quero nem saber qual parte da minha expressão ele captou.

            damos uma risada e eu me lembro de uma coisa.

             — Ben, falando nisso, você sabe porque a Alice estava chorando nesse dia? ela me enrolou e enrolou...

            — ela estava com uns problemas em casa... não quis me contar também. você devia falar com ela. mais sério. ela é sua melhor amiga, vai ver só está precisando de mais conforto agora.

            — é, você tem razão.

eu não sabia o que fazer.

            droga, droga.por que, diabos, eu havia aceitado o convite dele? e por que, céus, eu estava tão nervosa assim?

            ele era um menino normal. ia ser um passeio normal. é, ia dar tudo certo.

            sinto uma mão sobre meu ombro. quando me viro, ele estava me olhando com olhos risonhos. e que olhos. meus caros, que olhos!

            — Lucas!

           ele me abraça e depois se afasta o suficiente para analisar a roupa que eu estava vestindo.

            de acordo com o Benjamin, aquele vestido branco valorizava as curvas do meu corpo e não me deixava vulgar. fiz uma trança meio soltinha de lado e passei pouca maquiagem. atendendo aos pedidos do Lucas na noite anterior: "tem como ir sem maquiagem? queria ver você natural", abri mão do inseparável delineador.

            — como estou? — pergunto.

            ele da um sorriso de orelha-a-orelha.

            — tudo isso pra me ver?

            sinto minhas bochechas corarem. droga. eu tentei me arrumar de um modo mais natural possível.

            — não fique aí me encarando. me sinto péssima sem maquiagem. pare! — peço, e ele ri.

            — você está parecendo um anjo com esse vestido branco.

            — eu sou tudo, menos pura. — respondo, com ar de mistério.

            — pra mim, você fica ainda mais linda sem maquiagem. suas bochechas são vermelhinhas e isso é lindo.

            dou um sorriso tímido.

            — já pensou em parar de usar maquiagem? por um tempo? — ele pergunta.

            — ainda não entendi essa tua obsessão por maquiagem, senhorito. — desvio da pergunta.

            ele da um sorriso curto.

            — gosto das pessoas naturais. simples. acho mais atraente. e, sinceramente, você é uma moça muito bonita sem maquiagem.

Menina, maré.Onde histórias criam vida. Descubra agora