8• Cretino egoísta.

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Algo em vocême faz querer fazer coisas que eu nãodeveria fazer

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Algo em você
me faz querer fazer coisas que eu não
deveria fazer.

— Dangerous Woman.

Depois de sair do jardim, eu corri para meu quarto e tranquei a porta, me certificando de que ninguém iria entrar.
Coloquei os fones de ouvido no volume máximo, então me joguei na cama e cruzei os braços sob o peito, fechando os olhos, tentando focar meus pensamentos na melodia indie que soava através dos autos falantes, não nas lembranças que me machucariam.

Não sei dizer por qual motivo estou tão chateada, talvez pela junção dos acontecimentos das últimas duas horas. Eu odeio ter que concordar com o Blake, por que será que a verdade atormenta tanto? E por que ficamos com raiva de quem é sincero com a gente?
Todos esperam transparência um dos outros, mas quando essa franqueza vem, não conseguimos lidar com ela, deve ser porque na maioria das vezes, a verdade vem acompanhada da dor, e por mais inabalável que você aparente ser, as vezes lidar com esse sentimento cruciante é demais qualquer pessoa.
Para mim, não existe verdade relativa, por isso que ela me assombra tanto, por isso que a fico remoendo a cada segundo. Exatamente como estou fazendo agora.
O que Blake quis insinuar com aquilo de amar as pessoas erradas? Estava falando sobre meu relacionamento com minha mãe? Porque sinceramente, ele não sabe nada sobre nós.
E mesmo sem saber metade da nossa história, ele tem razão sobre tudo.

Eu amo a minha mãe apesar das suas péssimas escolhas, e não consigo parar de ajudá-la, mesmo sabendo que já deveria há muito tempo.
Beverly é como aquele namorado que vive brincando com seus sentimentos e saindo com outras garotas, você perdoa porque acredita que possa se redimir, mas então ele erra duas, quatro, seis vezes, e se ele não muda, é você quem precisa mudar. Quando se trata dela, sinto que há correntes me aprisionando, estas que eu mesma criei, e por algum motivo, escondi as chaves para não poder me libertar, afinal, que tipo de filha eu seria se abandonasse a minha própria mãe?

Para não sentir culpa, me coloquei nesse ciclo perigoso de devastação, eu me desmonto por inteira para recria-la, e chamo isso de amor. Quer saber? Eu não duvido se esse sentimento estiver rindo de mim por aí, me achando uma covarde, estúpida e burra.

Acontece a mesma coisa com meus sentimentos, eu não permito coisas boas acontecerem, porque criei uma afinidade com a dor, durante três anos ela foi a melhor amiga que nunca me abandonou.
Estou acostumada com a infelicidade, sei como lidar com ela, e isso é horrível, porque quando alguma coisa boa acontece, eu surto e começo agir como uma vadia sem coração. Nada genuíno e verdadeiro irá acontecer comigo porque irei arranjar uma maneira de destruir isso, é aquele ditado, você destrói tudo que toca, para que o que chegue até você, não possa te destruir.
Eu estou livre de tudo que já me fez mal, mas não consigo deixar as lembranças para trás. O tempo apesar de amenizar a dor, não apaga as feridas. As cicatrizes que permanecem são um lembrete do que já me machucou, e quando olho para elas, as sinto rasgando tudo de novo. Eu sou responsável por isso, aponto uma arma diariamente para minha cabeça e nunca tenho coragem de apertar o gatilho, só fico me auto torturando, sofrendo antes de disparar o tiro.

Você será minha.Onde histórias criam vida. Descubra agora