Hadley Clark esperava uma bicicleta sem rodinhas no seu aniversário de 12 anos, mas o único presente que ganhou foi ser abandonada pelo pai, sem uma explicação ou adeus.
A garota jurou ter sentido o seu mundo ruir, mas nada se comparava ao que ir...
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Para cada parte minha que quer você, tem uma outra que quer distância Porque você faz eu sentir algo Que me deixa assustada Talvez não seja nada Mas estou disposta a ver no que vai dar — You Give Me something
Tenho um pouco mais de 3 minutos aqui e já quero ir embora.
Eu estava esperando por esse momento desde que Maddison foi me buscar, na verdade. Eu entrei no carro e passei todo o trajeto me imaginando desistindo bem no meio do caminho. Travei em frente ao prédio e demorei longos segundos para entrar, disse que estava apertada para fazer xixi e me tranquei na cabine do banheiro, inspirando e expirando profundamente para tentar acalmar a minha respiração.
Não esperava que fosse diferente, estava assustada e insegura o suficiente para desistir antes mesmo de tentar.
— Nem tudo que você precisa, é o que você quer. — Madison que estava sentada ao meu lado, se inclinou para sussurrar em meu ouvido. — Reconhecer isso é um grande passo.
— É sempre tão assustador assim?
— Só nos primeiros dias, porque você não sabe o que esperar. — suspirou. — Não sabe como vai reagir e lidar com as suas emoções, mas depois fica tudo bem.
— Não tenho tanta certeza disso.
— Não precisa contar todos os seus problemas e falar sobre a sua vida, vá no seu tempo, respeite os seus limites, saiba aonde pode ir, mas também tenha consciência quando chegar na hora de parar. Isso precisa ser bom para você.
— Certo.
Quando a primeira mulher, Eva, começou a falar, eu cheguei a me levantar para ir embora, achava que não podia suportar aquilo, mas havia algo em seus olhos, a forma como falava, que me fez sentar novamente e ficar. Talvez fosse a nossa história muito parecida, e eu me enxerguei nela.
Estava com medo do que as pessoas iriam achar de mim quando soubessem, mas logo percebi que elas não se importariam porque todas nós estávamos travando uma batalha cujo eu não tinha nenhum conhecimento, assim como eu, também estavam quebrados por dentro, não queriam julgar os outros ou qualquer coisa parecida, só queriam se consertarem, encontrar uma formar de voltar a ser elas mesmo, de recuperarem as partes que perderem no meio do caminho das suas vidas.
E eu queria isso, como podia não querer?
A minha vida nunca pareceu ser minha porque sempre outra pessoa pareceu estar no controle dela, tomando minhas escolhas, minhas atitudes, me tomando de mim mesma, mas agora eu posso mudar isso. Eu posso ter de volta o controle que sempre almejei sobre mim mesma, e não tem nada a ver com sexos e garotos. Tem a ver com sentir a dor, permitir me perdoar e então seguir em frente.
Tudo pode dar errado, mas esse encontro está preenchendo o meu peito com um sentimento que eu nunca mais achei que fosse sentir: Esperança.
