|Capitulo 8|

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Capítulo 8

|Francisco|

— O quê que foi isto? — Inquiri o Diogo fitando o mesmo. Ele deu de ombros, parecendo tão confuso quanto eu. De facto, acho que ninguém, nem mesmo a Raquel, tinha percebido o que se tinha passado com a jovem dos olhos castanhos hipnotizantes. — Acho que foste tu e a tua boca de trapos, sinceramente.

— Só porque brinquei com ela? Menos, Francisco! Muito provavelmente foi alguma coisa que tu disseste ou fizeste, não tentes atirar as culpas para cima de mim. — O Dalot reclamou, cruzando os braços e encarando-me sério. — Por isso acho que tu deverias falar com ela quando ela voltar e ver o que foi que tu fizeste.

— Estás a exagerar! Eu não lhe disse nada demais e ela estava muito bem até chegarmos aqui. — Cruzei também os braços, continuando aquele drama no meio da Restauração do Norte Shopping. — Por isso, de certeza que foi algo que tu disseste.

— Claro, até porque eu falei imenso com ela. — Foi a sua vez de resmungar.

— Olha, já chega, meu. Estamos aqui a dar alto espetáculo só porque uma gaja qualquer decidiu amuar e fazer birra tipo criança de dois anos. — Soltei uma gargalhada. Puxei uma cadeira e sentei-me ao lado dele. — Ainda por cima foi muito infantil da parte dela, não merece mesmo que comecemos aqui a brigar por causa disso.

  


|Mariana|

Mal ouvi aquelas palavras serem proferidas pelo Francisco, suspirei magoada e irritada. Mas quem é que aquele idiota pensa que é?!

Toquei-lhe no ombro e ele de imediato se virou para mim, vi a sua cara a ficar extremamente pálida e de seguida passou a língua pelos seus lábios, sorri cínica, olhando o moreno.

— Mariana, não era nada disto que eu queria dizer.— Disse e eu limitei-me a revirar-lhe os olhos, passando à sua frente,. Juro que se a Raquel não estivesse aqui... Ele iria ver! Mas por respeito à morena e ao Dalot prefiro manter-me calada.

— Mari, tem calma, amor. — Raquel disse aproximando-se. — Ele não quis dizer aquilo. — Proferiu, tentando defender o jovem rapaz.

— Sim, ele quis. E se eu sou uma criança porque é que ele anda atrás de mim? Não estou para isto Raquel! — disse enervada. — Eu acho que é melhor ir embora antes de estragar o teu encontro com o Diogo. — Voltei a proferir olhando para a jovem morena.

— Nem penses Mari! A sério fica, por favor, ainda me dá um fanico durante o filme de terror. — ela disse e eu ri baixo.

— O Diogo cuida bem de ti, não leves a mal, está bem? Mas não estou com a mínima paciência para ir ao cinema. — Afirmei e a Raquel assentiu suspirando, sorri dando um beijo na bochecha da morena.

— Bem, malta, eu vou embora. — Virei-me para trás encarando o Diogo e o Francisco que rapidamente se calaram e olharam para mim.

— Oh, então porquê? Eu gostava de passar mais tempo contigo! A Raquel passou o tempo todo a falar de ti. — O Diogo disse com um sorriso simpático e eu sorri fraco.

— Fica para a próxima, está bem? Não estou realmente com paciência e não quero estragar o vosso encontro. — Justifiquei-me e o jovem moreno assentiu, puxando-me, em seguida, para um abraço.

— Não ligues às palavras idiota do Chico, ele vai acabar por te pedir desculpas. — Diogo sussurrou ao meu ouvido e eu assenti olhando-o.

Depois de me despedir do futuro casal (assim espero) virei costas, mas o meu braço foi agarrado e vi a mão do Francisco a segurar o mesmo.

— Por favor Mariana, fica. — Pediu com um olhar de cachorro mal morto e eu apenas neguei, encarando-o séria.

— Para que é que queres que eu fique? Afinal não passo de uma criança não é mesmo? — Bufei e virei-lhe novamente as costas caminhando até às escadas rolantes.

Depois de descer três andares de escadas saí do enorme shopping e iniciei o meu caminho até à paragem do metro. Um suspiro escapou pelos meus lábios ao ver que faltavam vinte minutos para o mesmo chegar e encostei-me a um canto. Apesar de ter vindo agasalhada, continuava a sentir frio até porque já eram vinte e duas horas e estavam quatorze graus.

Suspirei e liguei os dados, navegando pelas minhas redes sociais à espera que o tempo passasse. O meu telemóvel vibrou e vi que a Raquel me tinha mandado uma mensagem a perguntar onde me encontrava, respondi dizendo que estava na estação de metro e não obtive mais nenhuma resposta.

Tinham-se passado alguns minutos quando ouvi passos e observei uma pessoa que caminhava para o meu lado da linha. Fui obrigada a suspirar profundamente quando vi que era o Francisco. Para tentar evitá-lo, desejei que o metro chegasse imediatamente e quando vi quanto tempo faltava que este chegasse, ouvi a voz de uma mulher a afirmar que em breve ele chegaria.

— O que é que estás aqui a fazer? — Inquiri, levantando-me rapidamente e o rapaz caminhou até mim.

— Não digas nada. — Disse, acariciando a minha face e, de seguida, juntou os seus lábios aos meus. Correspondi ao beijo apenas por um segundo mas logo me afastei, dando-lhe um estalo.

— Que seja a primeira e última vez que me beijas. — Proferi, entrando dentro do metro.

As portas do transporte fecharam-se e o internacional português começou a andar. Voltei a suspirar quando senti o meu telemóvel vibrar novamente e constatei que se tratava de uma chamada do Francisco. Desliguei-a e sentei-me num dos bancos do metro.

Como é que eu tinha permitido que ele me beijasse? 



Parte do Chico escrita por @notchromatic

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