|Capitulo 34|

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Capítulo 34

|Mariana|

Conduzia até a casa do Francisco enquanto tentava ao máximo controlar as lágrimas que teimavam em deslizar pela minha face. Eu não acredito que tudo acabou, não desta forma.

Eu não queria, de todo, terminar com ele, terminar com a nossa relação mas... Talvez seja o melhor a fazer, talvez seja o melhor para ambos e, acreditem,  admitir isso parte-me o coração, admitir que ele não é o melhor para mim arrasa completamente comigo mas não posso fazer nada. Afinal o amor nem sempre é tudo.

Estou arrasada e, muito honestamente, não sei se amanhã irei ver o jogo dele. Até porque apesar de o querer apoiar a ele, à equipa e ao clube acho que não me sinto em condições de estar lá presente. Neste momento, eu só quero fugir daqui, quero ir para longe do Porto, para longe de todas estas memórias, quero ser uma criança e voltar a ser ingénua, voltar a não ter problemas.

É engraçado, eu, a rapariga mais forte que conheço, a rapariga inconquistável ter o coração partido.

Chegámos finalmente à rua do Francisco, e, passados alguns segundos, estacionei à porta de sua casa. O jovem moreno olhou-me com lágrimas nos olhos e aquilo destruiu-me por dentro, mas o melhor para ambos é mesmo a morte deste nosso amor.

— Desculpa por não ter conseguido ser quem tu querias que eu fosse... Acho eu. — Proferiu e saiu do meu carro, fechando a porta e caminhando em direção à porta da sua casa sem esperar uma resposta da minha parte.

   E ele tinha deixado o pôster dentro do meu carro.

O meu olhar estava fixo no pôster e no significado que aquilo tinha por trás, ele deixou aquilo para trás e ao fazê-lo deixou-me também para trás, deixou o nosso amor para trás. Tapei a minha boca numa forma de abafar os soluços que escapavam pelos meus lábios. A minha cara encontrava-se vermelha e encharcada tal como a minha camisola. E eu? Eu chorava por ter acabado, chorava por tê-lo deixado ir, chorava por ter voltado a amar, chorava por não ser o suficiente e acima de tudo chorava por saber que ele nunca mais regressaria para os meus braços.

Olhei a casa do Francisco uma última vez e rodei a chave na ignição, começando assim a conduzir até casa... Mesmo sabendo que aquele não seria o melhor local para eu ir naquele momento, afinal, o meu quarto estava recheado de memórias dele, de memórias dessas.

Senti-me realmente mal por termos acabado, senti-me completamente de rastos pela nossa relação ter terminado assim, desta forma. Sempre achei que íamos superar tudo, que o nosso amor ia superar todos estes problemas mas estava completamente enganada, estava redondamente enganada.

Nem sempre o amor supera tudo, nem sempre o amor é o suficiente e eu tive a prova disso. Sim, é verdade que, para haver uma relação, tem de haver amor, mas o que é que vale o amor quando as discussões são constantes? Quando a confiança é pouca? Não vale nada, absolutamente nada.

Estacionei o carro à porta do prédio e suspirei, saindo do mesmo. Abri a mala e retirei de lá os cestos que agora continham apenas as toalhas lá dentro. Coloquei-os em cima da minha viatura, abri a porta do condutor e tirei de lá a minha carteira e o pôster do Francisco. Peguei nas chaves do meu bebé e tranquei-o, caminhando até ao edíficio.

Depois de arrumar tudo, decidi então que era hora de estudar um pouco... Afinal, segunda feira tenho o meu último exame que, infelizmente, será de Francês, língua que eu, pessoalmente, não gosto e muito menos entendo.

Abri o livro e o caderno de apontamentos, colocando-os em cima da secretária.  Sentei-me na minha cadeira e retirei algumas folhas da capa de argolas, começando a passar os apontamentos a limpo e fazendo assim resumos. Essa era a única forma de estudar. Não consigo fazer exercícios ou algo do género, só mesmo através de resumos é que consigo estudar.

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