Capitulo 31|Francisco|
Eu não mentia quando dizia que era apaixonado pela Mariana mas haviam coisas que eu era incapaz de compreender. Ela era muito complexa e confusa e por mais que eu tentasse perceber o porquê das suas atitudes, não era capaz de descobrir.
Detestava discutir com ela mas é injusto que ela não me conte o que se passa ou o que se passou para agir desta forma. Tudo seria mais fácil se eu conseguisse compreender.
Depois de a deixar em casa, suspirei profundamente. Tínhamos estado uma noite inteira juntos e, na verdade, raramente conversámos os dois. A maior parte do seu tempo foi dedicado ao Inácio porque ele está mal e o meu tempo foi passado com os rapazes e com as suas namoradas. E, sinceramente, não era isso que eu esperava que acontecesse.
Acontece que a Mariana tem a mania de me provocar e depois não aguenta que eu me chateie, acaba sempre por ficar magoada quando eu lhe levanto a voz. E eu até compreenderia se houvesse algum motivo específico para isso. Será que eu era demasiado bruto com ela? Duvido. Não me considero agressivo e muito menos faria algo para a magoar.
De qualquer das formas, gostava que estivéssemos bem durante a maioria do tempo mas, pelos vistos, o nosso namoro é caracterizado pelas nossas discussões por motivos de: a) as provocações da Mariana; b) a forma como eu reajo e c) as inseguranças dela. Não que a culpa das coisas não estarem a resultar seja sua mas... A verdade é que assim é complicado.
E precisamente por ser difícil manter um relacionamento instável como o nosso... Decidi que o ideal seria ligar-lhe e pedir para que conversássemos. Eu já não estava de cabeça quente como anteriormente e, por isso, estava mais que preparado para ter essa conversa.
Parei o carro na berma da estrada, junto ao passeio, e estiquei-me para apanhar o meu telemóvel no banco de trás. Respirei fundo antes de realizar a chamada e, quando me senti mentalmente são para isso, pressionei o ecrã do meu aparelho.
Tocou uma, tocou duas e no terceiro toque a Mariana atendeu.
— Ei, Mari? — Comecei por perguntar, suspirando levemente em seguida.
— Diz, Francisco. — Respondeu e reparei pela sua voz que tinha estado a chorar.
— Eu acho que nós precisamos de falar. Mas falar a sério. — Proferi num tom mais baixo e calmo porque não queria preocupá-la ou deixá-la nervosa.
— Se queres acabar comigo... Diz logo, Francisco.— Pediu, suspirando e ouvi-a a soluçar do outro lado da linha.
— Eu não quero acabar contigo, Mariana. Eu só quero que paremos de discutir constantemente e, consequentemente, que paremos de nos magoar um ao outro. Não podemos continuar assim.
— Apenas vem-me buscar Francisco, eu não quero mais isto para mim, para nós. — Implorou a chorar.
— Tudo bem, amor. Mas promete-me que não vais chorar mais, está bem? Não gosto de te ver assim e tu sabes disso. — Sussurrei.
— Eu vou tentar... Amo-te.— Prometeu, aparentando já se encontrar mais calma.
— Também te amo.
Desliguei a chamada e atirei o meu telemóvel para o banco de trás, novamente. Ultimamente, as coisas não me estavam mesmo a correr nada bem... Nem mesmo com a Mariana.
Retomei a estrada e comecei a dirigir no sentido inverso, na direção da sua casa — e da Raquel e da Vânia. Estava disposto a resolver tudo, mesmo que isso implicasse mais alguma discussão idiota. Só não queria continuar desta maneira.
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Shut Up |FR| ✔️
JugendliteraturShut up and come kiss me. História escrita em conjunto com @notchromatic Capa feita por @-asantossilva