|Capitulo 39|

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Capítulo 39

|Francisco|

Desde que eu e a Mariana terminámos que tenho tentado seguir em frente. Não que eu queira. É só que é isso que eu devo fazer. De qualquer das formas, ela não me procurou e quem não procura... Não sente a falta. Por isso, decidi que deveria tentar esquecê-la como desse.

Para melhorar a situação, eu não ficaria no Porto por muito mais tempo. Não teria que ver a Mariana constantemente e não teria que lidar com o facto de ela também seguir em frente. A verdade é que nunca mais veio assistir aos treinos — nem mesmo pelo Inácio — e, desde que acabámos que ainda não a vi.

E eu esperava que continuasse assim por muito tempo.

As pessoas dizem sempre que a melhor forma de esquecer um amor é com outro amor. E, ainda que eu não quisesse voltar a apaixonar-me — nem voltasse a deixar que isso acontecesse —, tinha plena noção de que necessitava de, rapidamente, eliminar a falta que a Mariana me estava a fazer.

Para isso, decidi convidar a única pessoa que jamais recusaria ir assistir um treino meu: a Vânia. Sim, eu realmente poderia ter convidado a Marisa mas ela muito provavelmente recusaria. Dizia ela já estar "farta de ser usada por mim quando a Mariana não me ligava nenhuma".

Marisa à parte, eu convidei a Vânia.

A colega de casa da minha ex-namorada foi incapaz de dizer que não e, por isso, passei pela sua casa pouco antes do treino começar. Eu não estava minimamente interessado nas suas conversas fúteis e limitei-me a ligar o rádio e a deixá-lo numa altura boa para não ter de a ouvir falar. Era uma coisa que eu já estava habituado a fazer: ignorar tudo o que os indivíduos do sexo oposto diziam que não fosse do meu interesse. Eu apenas prestava atenção ao que a minha mãe me dizia — porque as mães nunca estão erradas — e, obviamente, ao que a Mari dizia.

A rapariga tentou uma aproximação assim que abandonámos o meu carro no parque de estacionamento do Estádio. Claro que eu deixei que isso acontecesse e acabámos por nos beijar. Mais do que uma vez, como seria de esperar.

Apenas demos um pequeno intervalo ao que estávamos a fazer por motivos de: a) eu tinha treino daí a dois minutos; b) estávamos no parque de estacionamento onde todos os meus colegas de equipa deixavam os carros e c) eu não sabia o que queria.

Sim, eu, Francisco Ramos, não sabia o que queria. Por um lado, tudo aquilo me parecia extremamente certo. Eu estava solteiríssimo. A Mariana não queria saber de mim, já tinha superado e eu também o deveria ter feito. Por outro lado, eu sentia que não o devia fazer. Não que estivesse errado seguir com a minha vida mas... Eu queria seguir com a minha vida?

Ignorei essa pergunta que me deixava bastante incomodado.

Fui até aos balneários, cumprimentei os meus colegas e troquei-me, preparando-me para o treino que estava prestes a começar. O Graça aproximou-se, perguntou se estava tudo bem. Eu disse que sim. Mas não estava. Não estava nada bem.

Era só eu a dramatizar normalmente. Um gajo apaixona-se pela... primeira vez (?) e já fica todo alterado, como se estar livre novamente fosse algo mau.

Saímos para o campo e começámos por aquecer, obviamente. A Vânia estava sentada nas bancadas e prestava-me imensa atenção, seguindo todos os meus movimentos com o seu olhar.

Senti que o Graça esteve o treino inteiro para me perguntar em relação à rapariga loira mas apenas o fez realmente no final.

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