Shut Up |FR| ✔️

|Capitulo 37|

Capítulo 37

|Mariana|

Tinha finalmente terminado a época escolar. Realizei há pouco o meu último exame e não poderia estar mais feliz e aliviada, afinal, estaria de férias um mês e só regressaria à faculdade para repor algumas aulas. Depois disso, a minha vida como universitária terminaria.

Estou realmente aliviada por não ter que me matar a estudar, mas ao mesmo tempo estou ansiosa por saber a média com a qual irei acabar e por saber a nota dos exames já realizados.

Abri o meu carro e entrei no mesmo. Depois de colocar a mala no lugar do passageiro, tirei o meu telemóvel de dentro do mesmo e suspirei ao ver que não tinha nenhuma mensagem. Já não falo com o Francisco desde domingo à noite e hoje já é terça-feira, mandei-lhe mensagens ontem e hoje mas ele preferiu ignorá-las. Sei bem que isso se deve ao facto de eu não estar grávida mas eu não tenho culpa! Eu não lhe queria contar por esse preciso motivo. Sei que ele se apegou e bastante à ideia de ser pai e agora está destroçado por não ter um filho. Sinto-me mal por ele mas eu também não tenho culpa.

Para ser sincera, nunca pensei em ter um filho agora, tudo bem que já vou a caminho dos vinte e dois anos e que sempre quis ser mãe nova mas como é que eu iria lidar com o facto de estar grávida do Francisco? Ele não é propriamente um engenheiro ou um médico, ele não trabalha num só local e sei que a probabilidade de ele a qualquer altura mudar de clube é enorme. Como é que iria ser se ele se mudasse para outra zona do país? Ou pior, se se mudasse para o estrangeiro? Eu estou longe de querer algo assim para o meu filho. Não digo que a culpa seja do Francisco, porque não é, afinal ele só está a seguir o seu sonho tal como eu, mas sei lá nunca pensei em ter uma relação com um jogador de futebol quanto mais ter um filho. Pode parecer egoísta da minha parte o facto de não querer isso para o meu filho, mas, sejamos sinceros, quem é que quer que o filho cresça longe de o pai? Ninguém.

Por mais que ame o Francisco, que amo muito, duvido seriamente da minha capacidade de deixar o meu país natal para ir morar para outro país qualquer devido à carreira do meu namorado.

Depois de todos aqueles pensamentos estacionei o carro e saí do mesmo, trancando-o de seguida. Atravessei a rua com a minha mala no ombro e descalcei-me mal coloquei os pés na areia. Comecei então a caminhar em direção ao mar mas para uma zona mais escondida — não é que eu não queira que as pessoas me vejam, mas simplesmente preciso de um local calmo e sem muita confusão. Preciso de pensar no que disse ao Francisco, preciso de pensar se realmente quero e estou pronta para ser mãe.

Sentei-me na areia e levei os joelhos ao peito observando assim o mar que estava um pouco bravo — mas não me importava. Lembrei-me automaticamente de uma paneleirice que o Francisco me tinha dito depois de fazermos amor aqui mesmo. Lembro-me das suas palavras, era algo do género de: tal como o mar, o amor dele por mim não tinha fim e, mesmo que tivesse, nenhum de nós o via. Ri-me na cara dele depois de dizer aquilo, afinal, o jovem moreno está longe de um romântico incurável mas ao mesmo sorri com as suas palavras. Apesar de ser bruta às vezes só preciso disso, de um gesto de carinho e de amor vindo do rapaz que amo.

Apesar de termos errado bastante um com o outro, eu sabia que seria incapaz de desistir do rapaz que me faz feliz, afinal, qual é a probabilidade de encontrar novamente alguém assim na minha vida? Apesar de ter namorado com o Raúl, sinto que o Francisco é o meu primeiro amor e não me imagino num futuro sem ele. Não me imagino sem as suas crises de ciúmes, sem as suas birras. Não me imagino a acordar de manhã e saber que já não o tenho comigo, não me imagino sem ver o seu sorriso, ouvir a sua voz ou sentir o seu toque, simplesmente estou apegada a ele e por mais palavras bonitas que diga elas nunca irão descrever o que sinto por o Francisco. É mais que uma paixoneta entre dois jovens adultos, ele é muito mais que isso.