|Capitulo 25|

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Capítulo 25

|Mariana|

Passaram-se duas semanas desde que eu o Francisco estamos juntos e não podia estar mais feliz, tive um treze a literatura e as minhas notas continuam relativamente bem, ando sempre bem-disposta e todos já repararam nisso, inclusive o meu amado professor de Francês que em todas as aulas que eu ia fazia questão de dizer que a cada dia que passava eu estava cada vez mais arrogante, agora diz que ando muito mais simpática.

Como é que é possível um rapaz me fazer tão bem? Logo um rapaz como o Francisco, muito honestamente, nunca pensei que um playboy como ele conseguisse realmente mudar e atinar. Até agora nunca dissemos a palavra "amo-te" e não tenho qualquer tipo de problema com isso, afinal amor é algo muito forte para se dizer que se sente da boca para fora.

Aos poucos tenho conseguido superar todos os dramas do passado com a ajuda do Francisco, apesar de ainda não ter tido coragem para lhe contar nada... O jovem rapaz tenta ajudar-me em tudo o que pode e o que não pode, inclusive já me apresentou o sobrinho dele que é um ser completamente adorável e logo nos primeiros minutos chamou-me de tia e disse que me preferia ao Francisco — o que fez o jovem rapaz resmungar durante uns belos dez minutos e apenas parou quando lhe dei um beijo. Às vezes parece que "namoro" com uma criança e não com um rapaz de vinte e dois anos.

Saí da FLUP (Faculdade de Letras da Universidade do Porto) e vi o Franciso fora do carro à minha espera. Esbocei um sorriso e caminhei até ao mesmo. Beijei levemente os seus lábios, um beijo que de imediato foi retribuído. Apesar de ter estado com ele ontem, já me encontrava cheia de saudades do jovem rapaz que faz o meu coração palpitar mais depressa.

— Estava cheio de saudades tuas. — Disse-me, puxando-me para si e eu sorri, beijando-lhe a bochecha. — Os rapazes começaram a gozar comigo quando saí do balneário quase a correr, tudo para te vir buscar a horas.

— Que lindo. — Apertei as suas bochechas, ouvindo-o resmungar.

— O Inácio não estava lá muito bem. — Ele admitiu, fazendo-me olhá-lo. — Ele não disse o que se passava, mas eu pedi para ele falar contigo, afinal, vocês são grandes amigos e não quero o meu brazuca mal.

— Quem te viu e quem te vê, ao início quase que me matavas por falar com o Inácio e agora até queres que fale com ele, sim senhora. — Sorri, olhando-o de forma provocadora.

— Não é que eu goste muito do facto da minha miúda andar a falar com outros gajos. — Confessou, bufando. — Mas sei que se não te contasse que ele estava mal, irias matar-me, quer dizer, matar-me não porque precisas de mim para fazer todo o tipo de coisas mas eras bem capaz de me bater. — Disse e eu assenti, sorrindo.

— Ainda bem que sabes disso. Mas, no entanto, para que é que eu preciso de ti para fazer variadas coisas quando tenho um Chidozie bem perto de mim? Sempre ouvi dizer que eles são ótimos no que fazem e no que têm. — Provoquei o meu namorado e ouvi-o bufar. O Francisco olhou-me com uma cara de amuado e chateado e entrou no seu carro sendo seguido por mim.

— Porque é que estás dentro do meu carro? Acho que devias pedir boleia ao Chidozie. — Resmungou, começando a conduzir o que me fez gargalhar. Ele é tão ciumento.

— Era óbvio que estava a brincar meu ciumentozinho.— Disse e beijei os seus lábios quando Francisco parou o carro num sinal vermelho.

— Acho bem! — Afirmou, com um sorriso convencido. — Já basta um dos meus colegas estar meio que interessado em ti, sem falar do facto que ele todos os dias perguntar quando vais lá.

— Se for giro ainda vou dar umas voltas com ele.— Brinquei e, de seguida, peguei no meu telemóvel e mandei mensagem ao Inácio a perguntar o que se tinha passado.

— É o Areias. — Contou, bufando e eu sorri de canto.— Não faças esse sorrisinho Mariana! Nem penses que vais falar com ele! Eu não quero e tu não vais! — Ordenou de forma bruta e, basicamente, gritou comigo.

Olhei-o magoada, afinal, ele sabe que detesto que berrem comigo mas mesmo assim faz questão de o fazer vezes sem conta. Encostei a cabeça ao vidro e não disse mais nenhuma palavra, o jovem moreno olhou-me arrependido mas não se dignou a pedir-me desculpas, e como todas as outras vezes, o seu orgulho falou mais alto.

Passado alguns minutos chegámos à porta do meu prédio e abri a porta do carro sem dizer uma única palavra o que fez com que o moreno me agarrasse no braço

— Não te despedes? — Inquiriu, olhando-me e eu dei de ombros.

— Não pedes desculpa? — Rispostei, vendo a sua cara de chateado. Eu sabia que mais valia ignorar a sua atitude ou iria haver mais uma discussão. — Quando decidires deixar esse teu orgulho de lado e admitires que erraste... Nós falamos. Amanhã vou ao teu jogo na mesma e vou como sempre estar lá para te apoiar. Adoro-te. — Disse sem o cumprimentar e entrei dentro do meu prédio, vendo-o a sair dali a alta velocidade, o que me fez suspirar.

Mal entrei dentro do meu quarto, atirei-me para cima da minha cama e olhei o teto. Por mais feliz que estivesse com ele, estou completamente cansada de todas estas discussões. Ele sabe perfeitamente que sou incapaz de o trair ou de estar com outra pessoa, mas por ciúmes ou por outros motivos ele acabava sempre a gritar comigo, o que fazia com que eu chegasse a casa e começasse a chorar.

O meu telemóvel vibrou e vi que era uma mensagem do Francisco a pedir desculpas, como sempre ele só o consegue fazer por mensagem, mas desta vez não o vou perdoar assim tão facilmente. A menos que ele me peça desculpas pessoalmente, pode ter a certeza que vamos ficar assim por um tempo indeterminado.



Abracei o Inácio depois de sair do seu carro e beijei a sua bochecha. O seu ar estava completamente abatido — o que me estava a matar por dentro. Odeio ver o meu brasileiro assim, principalmente por alguém que não o merece.

Vi o Francisco a chegar e olhei a sua face, estava com umas enormes olheiras e a sua cara e lábios estavam inchados, o que significava que para além de ele não ter dormido quase nada também tinha estado a chorar. Despedi-me do Inácio com lágrimas nos olhos e entrei no estádio indo para o meu local habitual e para meu espanto passado alguns minutos, Marisa, a antiga conquista de Francisco apareceu por lá, o que me deixou um pouco confusa mas como ela também é portista é normal que lá esteja.

Mas o que me deixou completamente de rastos foi o facto de quando o Francisco entrou no campo foi de imediato ter com Marisa, colocando-a dentro de campo dando-lhe um forte abraço e um beijo na bochecha mas isso não deixou a rapariga satisfeita, que de imediato agarrou na sua face e beijou os seus lábios. Mal o jovem jogador me viu a sua cara mudou rapidamente para uma expressão de pânico, olhei-o desiludida e com os olhos preenchidos por lágrimas. 

O jovem nem se dignou a dirigir-me a palavra e entrou dentro da zona dos balneários o que fez que contra a minha vontade vertesse uma lágrimas.

Passado cerca de uma hora o jogo começou e eu sorri fraco ao ver Inácio que me olhava com uma expressão preocupada, dei de ombros e vi o Francisco a olhar-me com os olhos repletos de lágrimas também, desviei de imediato o olhar.

Como é que ele foi capaz?

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