|Capitulo 11|

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Capítulo 11

|Francisco|

Tinha acordado há relativamente pouco tempo e estava a acariciar o cabelo da Mariana quando ouvi um grito ensurdecedor na porta do quarto. Franzi o cenho e virei o meu rosto para poder encarar a autora daquele ruído que quase tinha explodido a minha cabeça — desta vez, não só pela ressaca.

Pelos vistos era a Vânia. Nada que me surpreendesse, sinceramente. Contudo ela estava ligeiramente mais apresentável do que na noite anterior — pelo menos não estava tão parecida com o Donald Trump — e parecia ter acabado de acordar, tal como eu.

— Está tudo bem? — Inquiri, ainda com uma expressão de confusão no meu rosto.

— Não! O quê que tu fazes aqui?! — Voltou a berrar, fazendo com que eu sentisse a minha cabeça explodir com aquela sua voz extremamente irritante.

— Olha, por favor, não grites. — Implorei, colocando as minhas mãos nos meus ouvidos, tentando deixar claro que ela estava a exagerar. — E eu estou aqui porque...

— Eu não estou a gritar! — E, como se não bastasse, voltou a falar num tom demasiado elevado.

Se ela não se calasse, eu levantar-me-ia e trataria do assunto! Até porque, sinceramente, não era possível aguentar com aquele seu timbre extremamente agudo, mesmo não estando de ressaca como era o meu caso.

Por momentos, senti pena da Mariana e da Raquel por terem que aturá-la diariamente e seguidamente associei o facto de a Mari ter aceitado ajudar-me com o dó que ela sentia por eu ter que aturar a sua colega de casa durante uma noite inteira.

— Então, vais explicar-me o quê que estás aqui a fazer?

Nop, não vou. — Voltei a virar-lhe a cara e aconcheguei-me novamente nos lençóis, voltando a colocar o meu braço sobre o corpo da Mariana.

Fechei os meus olhos, preparando-me para voltar a dormir quando a jovem se aconchegou mais no meu peito. Coloquei o meu queixo sobre a sua cabeça e recomecei a acariciar os seus cabelos, voltando a olhar para a porta e soltando um riso baixo ao constatar que a sua colega já não se encontrava lá.

Visto que a Mariana era uma rapariga bastante indecisa, tive que aproveitar os poucos minutos em que tinha a certeza que ela não me daria uma tampa.

— Ela é sempre assim ou só quando têm gajos bons em casa? — Inquiri, aproveitando para provocar a rapariga que se encontrava nos meus braços.

— Ouve, Francisco, cala-te.

— Calma lá, boneca! — Gargalhei ao ouvir as suas palavras. Ela levantou o olhar para me revirar os olhos.

— A sério, cala-te. — Repetiu, continuando a encarar-me com uma expressão demasiado séria. — Já te fiz um favor quando te fui buscar à festa, te dei banho e te deixei dormir aqui, na minha cama. Por isso, faz-me tu um favor e cala-te.

— Pronto, já não está aqui quem falou. — Respondi.

Bom, eu já sabia que volta e meia ela voltaria a ser um bocado rude para comigo, até porque eu sei que ficou chateada pelo que eu tinha dito ao Diogo quando estávamos no centro comercial. Embora eu já lhe tivesse dito que não era aquilo que eu queria dizer, ambos sabemos que ela é mulher e as mulheres nunca acreditam em nós — nem mesmo quando estamos a ser extremamente sinceros.

Procurei pelo meu telemóvel para poder ver que horas eram e decidi que tinha sido a pior ideia de sempre. Para além de estar demasiado atrasado para o treino, ainda tinha a minha caixa de mensagens cheia e os remetentes passavam tanto pelos rapazes quanto pelo próprio Mister. Eu estava mesmo em apuros.

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