Capítulo 23
|Francisco|
Depois de ter a sua confirmação, envolvi-a nos meus braços e os seus lábios voltaram a tomar os meus.
— Não é que eu não quisesse ficar aqui contigo mas eu tenho que te levar para casa, não? — Acariciei o seu rosto, fazendo com que ela olhasse para mim.
— Sim, tenho de ir estudar Literatura, não é como se eu fosse estudar muito visto que vais lá estar mas pronto.— Deu de ombros olhando-me e eu sorri.— Ficas lá se quiseres, claro.— ela disse e vi-a corar.
— Claro que fico, o meu objetivo de vida é distrair-te. — Brinquei, continuando a acariciar o seu rosto. — Não posso permitir que estejas concentrada noutra coisa que não eu.
— Não sei não, sabes, eu até acho piada ao Dalot. — Disse, provocando.—Mas nada supera aquele Cláudio, meu deus, pena estar lesionado se não ias ser trocado por ele num instante.— Afirmou novamente e eu olhei-a magoado.
Porque é que toda a gente consegue ser melhor que eu? Talvez ela tenha mesmo razão e mereça alguém melhor que eu.
— Tu é que sabes. — Dei de ombros, tentando disfarçar que me tinha afetado de alguma forma. — Bom, vamos então.
— Tudo bem. — A Mariana disse e entrou no carro sem proferir uma única palavra, comecei a conduzir então, em silêncio, em direção à sua casa.
A viagem foi feita em silêncio até ao momento em que eu estacionei o carro à frente da sua casa, esperando que ela saísse. Eu não tinha intenções de ir para casa dela, não depois de ela ter aproveitado a minha tentativa de piada para dizer que preferia os meus colegas de equipa a mim. Se assim é, porquê que ela ainda está aqui?
Ela saiu do carro e disse.
— Vais subir ou preferes ir embora?— perguntou, olhando-me de braços cruzados, suspirei e olhei-a magoado negando com a cabeça.
— Não, não vou subir. Aproveita que o Diogo deve estar aí. — Respondi, cruzando também os braços.
— O Diogo namora com a Raquel e para além disso não curto de mais novos, mas quando deixares de ser criança e conseguires distinguir quando estou a brincar e quando não estou avisa, já devia saber que isto ia começar assim.— Disse a jovem morena e entrou no prédio, suspirei dando um murro no volante.
Ela irrita-me tão facilmente mas eu gosto tanto dela, porra!
Comecei a conduzir mesmo sabendo que o que deveria fazer era ir atrás dela. Não vou estar sempre a voltar atrás e a dizer tudo outra vez para que ela acredite em mim. No mínimo, a Mariana deveria tentar compreender o meu lado nisto porque pelos vistos ela é a única que pode brincar e eu tenho que aceitar tudo o que ela diz calado.
"Já devia saber que isto ia começar assim.", disse ela sendo que foi ela mesma que fez com que isto começasse assim.
Mas porquê que ainda estou a pensar nisso? Que se lixe.
Continuei a conduzir, colocando o rádio no máximo e abrindo a minha janela do carro. A noite estava a começar a cair e eu não tinha absolutamente nada para fazer.
Uma boa opção seria ir a uma festa visto que é fim-de-semana mas eu tinha-lhe prometido que não me iria meter com mais ninguém e isso invalidava todos os meus propósitos e lista de "a fazer" numa festa.
Podíamos estar os dois em sua casa a fazer muitas coisas mas ela tinha decidido que seria boa ideia ficar chateada comigo nos primeiros trinta minutos de tréguas. Ok, tudo bem, ela é que sabe.
Estava totalmente distraído quando o meu telemóvel começou a tocar no bolso das minhas calças. Baixei o volume do rádio e encostei o carro ao passeio, deslizando para atender a chamada da Mariana.
— Diz. — Pedi, esperando para que ela me dissesse o porquê de me estar a ligar (vamos fazer de conta que eu não fazia mesmo a mínima ideia do porquê).
— Desculpa.— Ouvi a voz fraca da jovem morena e percebi que ela tinha estado a chorar. — Eu sempre te vi como um rapaz com extrema confiança e não pensei que aquilo te fosse afetar tanto, afinal tu és o Francisco Ramos.— Ela disse e eu soltei um pequeno sorriso. Ela sabe realmente como se remediar.— Sei que pode ser cedo para dizer isto mas é contigo que eu quer realmente ficar Francisco.
— Não podias ter dito isso mais cedo? — Brinquei, tentando aliviar um pouco o clima pesado que estava a sentir. — Ai... Mulheres.
— Cala-te e anda-me buscar, tenho saudades tuas. — Ouvi-a choramingar do outro lado da linha. — Quero muitos miminhos e beijinhos.
— Já estou a ir, já estou a ir. Dá-me vinte minutos e estou aí.
Desliguei a chamada e atirei o meu telemóvel para o banco do lado. Voltei a conduzir mas desta vez no sentido contrário, voltando para a casa da Mariana, da Raquel e da Vânia.
Na minha cabeça só era capaz de pensar na jovem rapariga e na quantidade de coisas que nós poderíamos fazer — vá, não só nesse sentido. Iria provar-lhe que eu realmente valia a pena ao contrário do que ela tinha dito anteriormente e que eu era realmente melhor que qualquer um dos outros que ela já possa ter tido.
Afinal, eu sou o Francisco Augusto Neto Ramos.
Tinham-se passado pouco mais de vinte minutos quando estacionei em frente ao edifício. Agarrei no meu telemóvel e nas chaves do meu carro e saí do mesmo, batendo com a porta. Pressionei o botão que trancava o meu estimado veículo e mandei mensagem à Mariana para que ela me abrisse a porta.
Quando entrei na sua casa, passei pela Vânia que estava sentada no sofá a ver um filme qualquer. A loira ergueu a sua cabeça para ver quem tinha entrado em sua casa e proferiu:
— Olá, Chiquinho! O quê que fazes aqui?
— Olá. Eu? Vim ter com a Mari. — Respondi rapidamente, começando a subir as escadas que davam para o andar superior.
— Mari? Desde quando é que vocês se dão?
— Desde sempre. — Voltei a responder, desaparecendo no andar superior.
Reconheci a porta do quarto da Mariana e entrei sem bater — a educação mandou um abraço —, deparando-me com a rapariga sentada na sua cama com um livro qualquer na mão. Provavelmente ela ainda estava a estudar, afinal, ninguém estuda grande coisa em pouco mais de quarenta minutos.
— Então, já não se recebe os convidados à porta? — Inquiri em tom de brincadeira, aproximando-me dela.
— Olá para ti também. — Disse com um sorriso na cara. De imediato se levantou e abraçou-me. — Desculpa-me por ter sido uma idiota... Eu gosto muito de ti, sabes disso, não sabes?— Inquiriu olhando-me com uma cara triste e abatida.
— É, talvez eu saiba... — Rodeei o seu corpo com os meus braços e depositei um beijo sobre a sua cabeça. — Eu também gosto muito de ti.
— Agora vamos esquecer os meus estudos porque eu quero mimos teus, mimos do meu namorado. — Mal ela disse aquela palavra tapou a boca e corou escondendo a sua cara debaixo de uma almofada o que me fez gargalhar.
— Então o teu namorado vai dar-te muitos mimos, anda cá. — Deitei-me na sua cama e puxei-a, fazendo com que ela se deitasse também.
Passei o meu braço por cima do seu peito e puxei-a ainda para mais perto, começando a distribuir múltiplos beijos pelo seu rosto.
Quem diria que estar "apaixonado" não era assim tão mau?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Shut Up |FR| ✔️
Ficção AdolescenteShut up and come kiss me. História escrita em conjunto com @notchromatic Capa feita por @-asantossilva