|Capitulo 54|

275 36 0
                                        


Capítulo 54

|Mariana|

Parece que foi ontem que engravidei e já estou de trinta e seis semanas. Entre duas semanas e um mês já vou ter a minha pequena nos meus braços e isso é deveras assustador.

Como é que eu vou cuidar de um bebé? Como é que eu me vou adaptar a esta nova vida?

Estou com medo, muito medo. E se eu não me adaptar? E se eu tiver depressão pós-parto? E se o Francisco me deixar? E se ele não conseguir lidar com tamanha responsabilidade?

O medo que tenho nutrido nos últimos dias tem-se sobreposto à felicidade de ser mãe e isso é terrível! Eu estou feliz com a sua chegada mas ao mesmo tempo estou assustada, eu não sei ser uma mãe... Eu nunca o fui.

Para melhorar tudo, o Francisco anda bastante distante ultimamente e eu não sei a razão do seu afastamento. Confesso que isso me leva à loucura.

Os pensamentos de traição passam pela minha mente — apesar de eu saber que ele me ama — é algo inevitável. Ele passa o dia fora e quando chega a casa apenas me dá um beijo na bochecha e vai para o quarto ou para a sala, dependendo do local onde eu me encontre, e isso deixa-me tão mal. Será que ele já não me ama como antes?

O telemóvel tocou e rapidamente peguei nele vendo que era uma mensagem da Vitória, a minha cunhada preferida e também a única (?) — mais ou menos.

Trocámos mensagens durante horas e desabafei imenso com ela sobre as atitudes do seu irmão algo ao qual ela respondeu "esse rapaz nunca aprende, umas belas chapadas da minha mãe iam-lhe fazer bem".

Ouvi a porta de casa a ser aberta e o ciclo repetiu-se, o meu namorado entrou em casa, chamou por mim, caminhou até à sala, beijou-me a bochecha e foi para o nosso quarto.

Suspirei ao sentir os meus olhos preenchidos por lágrimas e decidi que iria sair de casa, precisava de ir dar uma volta e de espairecer, não aguentava mais estar trancada em casa.

Caminhei até ao nosso quarto e vi que o Francisco não se encontrava lá, ouvi a água a correr e percebi que estava a tomar banho. Abri o roupeiro e tirei de lá um vestido largo, despi a t-shirt que se encontrava no meu corpo e vesti o vestido branco, peguei numas sandálias rasas e calcei as mesmas e sentei-me na cama à espera que Francisco saísse da casa de banho para eu me ir pentear e lavar os dentes.

Cerca de dez minutos depois o jovem moreno entrou no quarto com uma toalha colocada na sua linha abdominal e eu caminhei até à casa de banho, desamarrei o meu cabelo e penteei o mesmo após lavar os dentes.

Caminhei novamente até ao quarto e peguei na minha carteira colocando tudo o que precisava lá dentro e, quando estava prestes a sair do quarto o jovem moreno agarrou no meu braço e eu olhei-o com os olhos preenchidos por lágrimas.

— Para onde vais? — Foi a única coisa que saiu da sua boca.

— Vou apanhar ar. — Disse e retirei a sua mão do meu braço.

— Sozinha? — Franziu o cenho.

— Com quem haveria de ir?

— Eu é que sei?

— Pois, realmente tu não sabes nada ultimamente, não é? — Questionei de forma retórica e revirei os olhos.

— Não percebi o que querias dizer com isso mas tudo bem.

— Claro que não percebeste. — Revirei novamente os olhos. — Andas distante há muito tempo, não acompanhas a gravidez, não passas tempo nenhum comigo e isso é ridículo. Sabias que a bebé pode nascer daqui a duas semanas? Sabias que ela já tem cabelinho? Sabias que ela me faz vomitar constantemente e que me tira o ar? Sabias que eu ando enjoada o tempo todo? Claro que não sabias, preferes deixar a tua namorada sozinha em casa ou numa divisória da mesma! Até a tua irmã acompanha mais a minha gravidez do que tu, mesmo que esteja na Póvoa e olha que não é o seu dever mas... Tanto faz, Francisco.

Shut Up |FR| ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora