|Capitulo 50|

278 34 2
                                    


Capítulo 50

|Francisco|

Já se passou cerca de um mês desde que eu e a Mariana fizemos as pazes. Confesso que a melhor decisão que tomámos foi começar a frequentar a terapia porque aprendemos a resolver as coisas da melhor maneira possível. Como é óbvio, ainda temos desentendimentos e discussões mas conseguimos sempre dar a volta.
Acontece que, uma vez que a minha venda para outro clube se concretizou, eu e a minha namorada decidimos mudar-nos para Guimarães. Admito que a cidade é linda mas nada se compara ao Porto. Já tive oportunidade de comprovar que o ambiente no balneário do clube é bom e divertido mas, novamente, nada se compara ao que encontrava no balneário do meu clube.
A Mariana está sempre a dizer que é apenas uma fase e que eu tenho que "dar uma oportunidade" ao Vitória ao invés de estar constantemente a compará-lo à minha anterior equipa mas eu não me sinto propriamente bem em representar um clube que não é o meu.
E, para melhorar, o primeiro jogo em que eu, possivelmente, vou entrar com a camisola do Guimarães será contra o FCP. Irónico.
De qualquer das formas, não sei se me sinto preparado para isso, para defrontar os meus colegas — e amigos, uma vez que me dou bem com grande parte do plantel da equipa A — mas tenho que ser mais positivo em relação a tudo isso: eu tenho a oportunidade de mostrar ao Porto o que perdeu e tenho que estar à altura.

Esse jogo acontecerá hoje à noite e isso pode explicar perfeitamente o porquê de estar neste estado — consideravelmente nervoso. "Consideravelmente" porque posso ter a sorte de nem entrar — ok, não me parece que isso vá acontecer. O Mister parecia bastante convicto de que eu seria necessário e que era uma boa oportunidade para me integrar na equipa.


  🌔🌔🌔  

— Amor, já estou pronta. — Ouvi a voz da minha namorada e olhei-a com um sorriso nos lábios.

A Mariana estava com a minha camisola do Vitória vestida e esse gesto deixou-me mais confiante e muito menos nervoso. Para além disso, a t-shirt realçava a sua barriga.

— Então... Vamos? Está quase na hora combinada. — Inquiri, levantando-me do sofá e caminhando na sua direção.

— Amor, eu sei que é complicado jogares contra a tua equipa de coração mas tu consegues, se há alguém que consegue és tu! — Proferiu, colocando as suas mãos na minha face. — Tu vais provar-lhes o que vales e podes ter a certeza de que, no mercado de Janeiro, tu regressarás a casa . Tu és um excelente jogador e eu estou muito orgulhosa de ti. És o melhor do mundo e eu amo-te.

— Só mesmo tu para me fazer sentir melhor. — Deixei que um sorriso se apoderasse dos meus lábios. — Também te amo, muito.

— Amo-te mais. — Proferiu abraçando-me e eu sorri correspondendo ao abraço.

Eu amo-a muito e não sei o que seria de mim sem ela, muito honestamente.

Dei-lhe a mão e caminhei para a porta de saída. No momento, vivíamos num apartamento modesto mas confesso que em breve tenciono comprar uma casa — porque, pelos vistos, vou ficar em Guimarães por algum tempo e, obviamente, quero que a minha filha cresça numa grande casa.
Descemos de elevador para o piso do estacionamento e entrámos no meu carro. Com calma, dirigi para o Estádio D. Afonso Henriques, afinal, ainda tínhamos algum tempo antes do aquecimento.

Quando, numa questão de minutos, atingimos o estádio, estacionei o meu carro no parque reservado.

— É só um amigável, certo? Não é como se fosse prejudicar o Porto, pois não? Não me sentiria bem se fosse um jogo "a sério". — Bombardeei-a com perguntas.

Shut Up |FR| ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora