Theodoro sabia que aquele era um péssimo pedido de desculpas, se é que aquilo chegava próximo o suficiente para ser chamado assim. O garoto estivera esperando por Arte há vinte minutos, pensando em como se desculparia pelo dia anterior, mesmo que não fosse realmente culpado de alguma coisa, mas não era legal ferir o orgulho das pessoas e não havia nada de errado em pedir desculpas, principalmente com a lembrança da expressão de Artemísia que era de dar dó.
— Não quero que leve minha mochila — Arte tentou recuperar seu material. A cada segundo se sentia mais perto de começar a gritar e pular, fazendo birra. Por que Theodoro tinha que ser daquele jeito? Por que a diretora achou que ele poderia ser algum tipo de ajuda?
— Por favor? — ele juntou as mãos em uma prece. Um deles tinha um condicionamento físico de um atleta e o outro era Artemísia, que já se sentia ofegante ao encarar uma escada.
— Tanto faz — Arte continuou seu caminho para o prédio da escola.
Ela precisava focar menos em Theodoro, como sua madrasta dissera. Se ele queria tornar as coisas mais difíceis carregando sua mochila, criar caso com aquilo era apenas focar mais nele e menos em tudo que era relevante no mundo. Entretanto, ir adiante se tornou difícil quando Theo segurou-a pela mão.
— O sinal ainda não tocou — o garoto advertiu.
Aquilo poderia ser mais difícil.
— Onde estão seus amigos? — Arte questionou.
— Por aí — o Mapa do Maroto bem que seria interessante para mostrar onde todos estavam, mas Theo não era nenhum dos Marotos, muito menos Harry Potter.— Quer dar uma volta?
Theo sabia que Artemísia ainda estava zangada por ter sido rejeitada e só havia uma maneira de resolver a maioria das coisas: conversar sobre o assunto. Se ele precisasse suborná-la para ser razoável por cinco minutos e falar sobre o acontecido, ele o faria. Só queria que a garota ouvisse sua explicação do porquê um beijo entre os dois não podia acontecer.
— Não? — Arte cruzou os braços. Não queria dar voltas, queria que as coisas fossem simples. Queria eliminar todos os vestígios da paixonite por Theo e seguir em frente, mas era ele quem a estava puxando para trás e ela não era a rainha da força de vontade.
— Por favor? — Theo tentou mais uma vez. Havia funcionado mais cedo.
— Você não pode pedir "por favor" e esperar que as coisas aconteçam, Theodoro — nenhuma força de vontade para Artemísia. Ela revirou os olhos e o acompanhou.
Theo deu a volta no prédio, indo para onde os alunos chamavam de "bosque". O lugar não tinha aquele nome apenas por ser arborizado, o real motivo era que com duas letras a mais e uma a menos o nome do lugar poderia ter uma conotação sexual que indicava exatamente o que a maioria dos estudantes ia ali para fazer. Longe da supervisão, o bosque guardava segredos tão bem quanto túmulos.
— Que conveniente — Artemísia disse assim que chegaram ao lugar. — Como você espera me convencer a fazer isso? Ou você só precisa me trazer aqui e contar aos seus amigos que a sua lista aumentou?
— O quê? Não!
Theodoro não tinha culpa da fama do lugar. Ali era apenas o lugar mais calmo para se ter uma conversa e, para falar a verdade, ele nunca havia levado ninguém até ali. Theodoro Roriz tinha seus próprios lugares secretos.
— Ok — Arte respirou fundo. O lugar não a estava ajudando, muito menos a companhia. Quando seguira Theodoro, não acreditava que acabariam ali, portanto ela precisava ir para longe se quisesse manter sua sanidade mental. — O sinal vai tocar logo, então...
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Uncool
Novela JuvenilEm seu último ano de ensino médio, Artemísia só estava certa de três coisas: a primeira era que ela não fazia ideia do que faria em seguida. A segunda é que seu Clube do Livro era a única coisa que a mantinha feliz no colégio. E a última coisa era q...