Duas horas mais tarde, a festa era no mínimo o dobro e parecia que não parava de crescer. Artemísia estava começando a duvidar da quantidade de pessoas que caberiam naquela piscina e se perguntava como eles aguentavam ficar molhados com o vento frio que atingia o quintal. Ela havia desistido de entrar na piscina pouco tempo depois de chegar e aproveitou para colocar seu casaco e se encolher no canto mais distante da piscina, sem correr riscos de que qualquer gota de água a alcançasse.
Além de tudo, Theo tinha sumido há uns minutos. Ele deu um breve aviso de que Paula tinha chegado com alguns sacos de gelo para as bebidas e sumiu pelo quintal, deixando-a sozinha. No entanto, se Paula estava lá, Ana certamente também havia chegado, para fazer companhia durante o sumiço de Theo.
— Aí está você — Ana sorriu, encontrando Arte encolhida.
Ana estava caracterizada como a maioria das meninas ali: um short jeans, biquíni e chinelos que haviam sido mais caros que o normal por conta do "M" que traziam em suas laterais. E maquiagem a prova d'água, porque era um trabalho bem feito de Paula.
— Oi — Arte sorriu. Não queria parecer tão deslocada como estava sem Theodoro, especialmente para Ana, que duvidou da sua presença ali.
— Chegou há muito tempo?
— Mais ou menos — sim. — Você chegou com a Paula, não é?
— Sim, e trouxemos o gelo. Acho que Theo está com ela lá dentro, aliás — apontou para a casa de Gustavo. — Ouvi dizer que os Roses estão vindo, todos juntos.
Não era muito digno, mas também não era surpresa alguma que Nico e seus amigos fossem aparecer por ali, mesmo que a festa fosse para comemorar a derrota deles. No geral, pessoas populares precisavam preencher a agenda de pessoas populares, seja lá qual fosse a razão. No fim das contas, a maioria das pessoas ficaria feliz em ver os Roses ali. Mais meninas, mais Nico... mais festa.
— Arte — Ana chamou em um tom mais sério. — Preciso te contar uma coisa.
Artemísia acompanhou Ana até o corredor que levava a entrada da casa. Não que Arte tivesse qualquer opção, já que Ana a arrastou para lá sem esperar qualquer resposta. Um pouco mais longe da música e dos adolescentes animados, Ana se aproximou de Arte como se fosse confessar algo muito importante. Mas não era.
— Acho que Paula está saindo com alguém dos Roses — disse em voz baixa.
Havia uma lista de coisas com as quais Arte se importava antes daquilo, mas era mais fácil entrar no jogo de Ana que revirar os olhos e aguentar suas reclamações.
— Por quê?
— Bom, estávamos nos arrumando na casa dela e a tela do celular dela acendeu com uma mensagem. O contato estava anotado como "Amor" e tinha um emoji de rosa ao lado. Roses.
— Ok, Ana, vai ver ela voltou com o Nico. E aí?
— E aí que essa pessoa e ela marcaram de ficar no quarto do Gustavo hoje, pelo menos era o que dizia a mensagem. E logo depois a Ana começou a falar sobre os Roses virem à festa.
— Ok — Arte interrompeu e olhou para o quinta. Preferia estar lá a ouvir teorias sobre a vida romântica de Paula. Aliás, preferia estar em casa a ter sido largada por Theo no meio da festa.
Era inútil não pensar que talvez a mensagem no celular de Paula fosse, na verdade, de Theo. Os dois tinham sumido para dentro da casa juntos, afinal. A rosa podia ser mera coincidência e eles estavam naquele exato momento trocando saliva no quarto do Gustavo, enquanto ela estava ali esperando Theodoro voltar.

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Uncool
Ficção AdolescenteEm seu último ano de ensino médio, Artemísia só estava certa de três coisas: a primeira era que ela não fazia ideia do que faria em seguida. A segunda é que seu Clube do Livro era a única coisa que a mantinha feliz no colégio. E a última coisa era q...