Theo

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Theodoro não teve tempo de ligar o pisca-alerta ou sequer mandar uma mensagem para Artemísia. Ele sabia que não podia ficar estacionado em frente ao prédio da garota e não fazia ideia de onde estacionaria se ela não aparecesse rápido o suficiente, mas pensar em tudo isso não era necessário. Arte estava lá, esperando por ele.

Ver as pessoas da escola arrumadas para uma festa era sempre algo estranho. Theo se divertia descobrindo que algumas pessoas se vestiam bem diferente do habitual jeans e camiseta de botões. Era engraçado como alguns que pareciam ter um determinado estilo tinham um completamente diferente fora da escola. Mas Arte era uma surpresa diferente. Ela era sempre uma surpresa.

Theo estivera se perguntando como seria Arte sem o uniforme — ou pijamas, como eles haviam se encontrado na casa dela — e nunca conseguia chegar a qualquer conclusão. A parte engraçada de ver Arte se aproximar do carro em passos lentos era que ela era a mesma de sempre, com ou sem uniforme — e aquilo era mais que suficiente. 

Arte estava usando um short jeans preto de cintura alta e uma blusa de alças finas igualmente preta, com um grande decote nas costas. E calçava um par de All Star vermelho, que combinavam com o casaco que segurava com os braços. Arte também estava levando uma pequena mochila preta consigo, mas Theo não reparou naquilo com tanto de Arte para ver. 

— Oi — Arte disse ao entrar no carro. 

— Oi — Theo se esforçou para absorver mais da imagem dela para si sem parecer obcecado. As penas descobertas, os braços livres... tudo. — Cadê sua roupa de banho? — perguntou antes de pensar no assunto.

— Isso é minha roupa de banho — Arte puxou uma das alças do que era aparentemente sua blusa. — Um maiô, nunca ouviu falar? 

Ah, então aquilo era um maiô, não uma blusa casualmente colocada para dentro do short. Preto caía bem em Arte. 

— Cadê a sua roupa de banho? — Arte provocou.  

— Você quer mesmo ver? — Theo ergueu uma das sobrancelhas. Ele podia tirar a bermuda se ela insistisse.  

Pelo amor de Deus — Arte resmungou com um revirar de olhos. 

— Imaginei — Theo riu. — O cinto de segurança, por favor. 

Arte pôs o cinto e cruzou as pernas. Aparentemente Theodoro tinha mesmo uma carteira de motorista, ou pelo menos sabia o que estava fazendo. Dirigir o Fiat Toro não parecia uma tarefa fácil aos olhos da garota, que observava a mão direita de Theodoro repousada sobre a marcha. 

— As duas mãos no volante ou algo assim? — ela disse com um sorriso contido. 

— Eu tenho uma coordenação motora invejável — ele sorriu. — Por exemplo, posso dirigir e ainda fazer isso — Theo alcançou a cintura de Arte com a mão direita e fez cócegas nela. 

A risada de Artemísia ecoou pelo carro, arrancando risos de Theo. Os dois só falaram com o outro uma vez na escola, mais cedo, mas ele achou que talvez as coisas pudessem ficar estranhas entre os dois depois de... bem, depois do ocorrido no quarto dela. Arte era complicada. Arte conseguia encontrar problemas onde ninguém mais conseguia e isso era uma coisa que Theo conseguiu aprender rapidamente. No entanto, ali estava ela, rindo enquanto recebia cócegas — não que fosse opcional, mas Arte parecia feliz com aquilo.

— Eu já entendi — Arte segurou a mão de Theodoro. — Uma coordenação motora invejável e um ego que mal cabe nesse carro enorme. O que mais? 

— Eu sou muito bonito também, se não notou — acrescentou à lista. 

— Beleza, certo. Continue. 

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