Arte

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Nicolas encarou-a. Ela o tinha arrastado para fora do colégio, como se o lugar todo fosse explodir e precisassem evacuá-lo o mais rápido possível. Além disso, não tinha dito sequer uma palavra além de apenas informa-lo que estudariam em casa naquele dia. Na casa dele, ainda por cima.

É claro que qualquer um que se esforçasse perceberia que ela e Theodoro não haviam trocado uma palavra sequer naquela sexta-feira. Ela chegou o mais cedo que pôde, o que fez Theo se atrasar para aula enquanto a esperava a garota aparecer e conversarem. E ela não apareceu, porque estava na sala de aula muito antes dele sequer atravessar o portão.

E depois, no almoço, Artemísia tinha comido no terraço, porque sabia que Theodoro não a procuraria lá, uma vez que havia sido lá que discutiram quando todo o problema com as fotos da Paula surgiu. Já no fim das aulas, Arte caçou Nicolas e se convidou para a casa dele. Ela tinha certeza de que não era isso que Theodoro quis dizer quando sugeriu que estudasse até mais tarde com Nico, mas era o que ela estava fazendo para evita-lo até o momento em que ficar longe dele seria insustentável.

— Vai me dizer ou não? — ele perguntou, terminando de vestir seu short, porque o maldito não tinha pudor algum.

Assim que chegaram, Nicolas levou-a até seu quarto e sentiu-se a vontade o suficiente para trocar de roupa na frente dela, que não conseguiu formular sequer uma frase enquanto ele fazia todo o processo de tirar e vestir a roupa, ficando só de cueca em sua frente como se fizesse aquilo todos os dias.

A ausência de resposta o fez virar-se para ela e rir de seus olhos arregalados.

— Pelo amor de Deus, Artemísia, você montou em mim no vestiário, na frente de todos aqueles garotos. E não teve problema algum com o fato de eu ter acabado de sair do banho.

Quando ele dizia daquela maneira, não parecia que ela tinha montado nele com o intuito de arrancar cada fio de cabelo dele fora. E talvez mata-lo, se sobrasse tempo.

— Se sua memória de peixe permite, eu pretendia esganar você. Pode colocar uma roupa?

Nico revirou os olhos e vestiu também sua camisa. Já de roupa, sentou-se de frente para ela no chão.

— E então? Não a vi grudada no Roriz hoje. Terminaram?

— Nós não namoramos, para começo de conversa.

— Pelo visto terminaram — ele pressionou os lábios um contra o outro. — Não sou exatamente o que você procura para consolar. E eu abandonei minhas dicas para fazê-lo se apaixonar por você porque eu achei que já tinha acontecido, mas pelo visto o maldito é difícil de fisgar. Já tentou transar com ele?

— Pelo amor de Deus, Nicolas — ela cobriu o rosto com as mãos.

— Eu estou brincando — Nico riu, puxando as mãos dela para baixo. — Qual é o problema?

— Sabe a festa? — tentou, esperando que ele entendesse, porque ela também não saberia explicar.

— A do mês que vem? Por causa da formatura?

Artemísia assentiu, aliviada por Nico entender e irritada por até ele saber, quando ele devia ser odiado pela turma de Theodoro.

— Theo foi convidado.

— É óbvio, o terceiro ano todo foi.

— Eu não — disse, esperando que isso expressasse o problema.

Nico arqueou as sobrancelhas, entendendo completamente onde ela queria chegar.

— Bom, criatura, se quer tanto assim ficar bêbada, eu posso levar você até lá.

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