Capítulo 4

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Camila

Na manhã seguinte, acordo com uma certa azia queimando o estômago. Graças a dona Laura. Mas as lembranças de Henrique preenchiam, estranhamente minha cabeça. E quando me recordo que ele está dormindo no quarto de hóspedes, é que me apresso para ir na padaria comprar pão e café. Eu não sei se ele gosta, por via das dúvidas vou comprar pão, leite e café. Vou em direção ao guarda-roupa, escolha uma roupa de moletom, pois o céu amanheceu cinzento hoje, nada que ameace uma chuva é apenas um dia para te consumir de preguiça.

Pego as minhas chaves e com cuidado máximo corro até a porta e saiu. Encontrando o térreo há pessoas se designando aos seus destinos e tratei de não incomodar seus destinos. Se você sem querer atropessasse no pé de alguém, era motivo de uma briga que levaria o caso até a delegacia. As pessoas daqui são mesquinhas e muito rabugentas. Então, procuro não empatar seus passos para evitar, preciso ser rápida no que pretendo fazer.

Após cinco minutos de caminhada chego ao meu destino, que para minha sorte está cheio e o pão nem saiu ainda. A fila está enorme e eu querendo ou não, terei de aceitar já que é a padaria mais próxima. Me posiciono no fim da fila, já que furar fila só ia me dar mais dor de cabeça.

Após quase 40 minutos esperando, o pão é colocado no cesto e a padaria parecia mais a selva africana onde as gazelas correm dos leões para não serem devorados. Mas aqui é uma selva de pedra, onde as pessoas passam por cima das outras para ter seu ego atendido ou seu egoísmo. Quando a fila começa a diminuir eu entro em ação e peço meu pão.

Eu nunca mais havia feito isso na vida, desde que me casei, a vida era só ficar trancada naquele triplex esperando o tempo passar. Saí me sentindo estranhamente livre e traço todo trajeto de volta ao triplex. Henrique já deve ter acordado, eu queria deixar tudo pronto para quando acordasse mas a padaria lotada me atrasou demais. Entro na portaria e dou uma corrida leve até o elevador. É a primeira vez que consigo me sentir assim...feliz. Me permito um pequeno desfrute desse pequeno momento de paz, mas meu alerta vermelho estava sempre lá para me lembrar de todo meu inferno. Por um momento, empurrei todo meu problema para o fundo da mente, não quero estragar essa manhã que eu não tinha faz tempo.

Finalmente a porta metálica de aço puro se abre na minha frente e entro no mesmo instante e aperto "T", que significa o andar do triplex. Espero novamente pacientemente o elevador chegar, me lembrando dos pequenos momentos em que ri com vontade ao lado de Henrique.

Ele parece ser uma ótima pessoa, um grande amigo. Eu posso estar agindo como uma boba, uma idiota que não sentia ar puro jazia tempo. Chegando em meu andar, abro a porta e vejo o triplex da maneira como deixei antes de sair e franzo as sobrancelhas, será que ele foi embora? De mansinho fui até o quarto e o vi dormindo tranquilamente, e me sinto fortemente culpada por ter invadido sua privacidade. Ele estava sem camisa, percebo uma tatuagem no braço direito que ia do ombro até o pulso e no meio do seu peitoral, havia outra tatuagem que não soube definir por causa do cobertor branco o tampando inteiro, volto a sair do quarto.

Vou para cozinha e preparo uma omelete com salsa e linguiça, um sanduíche especialidade da minha mãe, de presunto e queijo, e uma pequena salada de frutas que ainda tinha na geladeira. Preparo um suco natural e monto a mesa da maneira mais formidável que existe. Claro, Laura é a minha única amiga neste momento, todos se afastaram de mim, soube que uns se casaram e outros se mudaram ou os dois.

Preparo um prato para Henrique e volto para cozinha limpar os utensílios sujos, usados para preparar o café da manhã. Não faço questão de olhar para o relógio, porque só me deixaria nervosa. A campainha toca e tento adivinhar quem será a uma hora dessa da manhã. Caminho até a porta e vejo pelo olho mágico; Laura, completamente descabelada. Rolo os olhos. Giro a maçaneta e abro a porta.

Laura parece acabada, fisicamente e mentalmente. O amigo de Henrique fez um grande estrago realmente, como ele disse que seria. Mas me contou um ponto que eu não achei legal, ele é casado. Laura entra minha casa e se joga no sofá bufando. Ela parece estar chateada.

- Laura? - chamo-a.

- Mas que cretino! - exaspera ela.

- O que houve? - pergunto, mesmo sabendo do que se trata.

- Ele é casado! Como um verme como aquele, chega assim, encanta a garota e leva para cama...

- Espera aí. - digo e levanto a mão. - Você dormiu mesmo com ele?

- Claro, só para quebrar a minha cara depois, mas que escroto!

- Laura, você tem idéia do que isso pode causar?

Ela se sentou finalmente e fixou seu olhar na mesa de centro de cor escura e me sento ao lado dela.

- E o amigo dele? Ficou por muito tempo com você?

- Bem...é...bom...não mude de assunto! Usaram pelo menos camisinha?

- Camila!

- Bom, tecnicamente...- digo abaixando a voz e olho para o corredor me certificando que ele não está por aí zanzando. - Ele está dormindo aqui!

Laura ia começar a gritar quando tampei sua boca com a mão.

- Quieta! Ao contrário de você, não podia deixá-lo dirigir bêbado ou ir para casa no estado que se encontrava!

- Quero ver!

- Não quer não! Fiz café da manhã se quiser esteja serv...

Não precisei terminar a frase quando ela correu para mesa. Típico de Laura Soares.

Promotor Sedutor - Livro 3 - Trilogia FarcolandOnde histórias criam vida. Descubra agora